Ministros dos Negócios Estrangeiros da UE reúnem-se para dar luz verde a missão em Moçambique

O objetivo é "treinar as companhias de forças especiais moçambicanas" para que "desenvolvam uma reação de força rápida que permita mudar a situação em Cabo Delgado".

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) reúnem-se na segunda-feira, em Bruxelas, para aprovar uma missão de formação militar em Moçambique e conversar com o homólogo israelita, Yair Lapid.

Após, a 30 de junho, os representantes permanentes dos Estados-membros junto da UE terem endossado o conceito de gestão de crise da futura missão de formação militar em Moçambique, os chefes das diplomacias europeias deverão dar agora a aprovação final à missão EUTM Moçambique.

Tratando-se da primeira missão a ser financiada através do novo Mecanismo Europeu de Apoio à Paz, composto por cinco mil milhões de euros, o objetivo da EUTM Moçambique será, segundo fontes europeias, o de "treinar as companhias de forças especiais moçambicanas" para que "desenvolvam uma reação de força rápida que permita mudar a situação em Cabo Delgado".

Além da aprovação da missão de formação militar em Moçambique, os chefes das diplomacias europeias também irão ter um almoço de trabalho com o recém-empossado ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Yair Lapid, que se deslocará a Bruxelas na segunda-feira.

O encontro servirá para inaugurar as relações bilaterais com o novo Governo israelita - que tomou posse em junho - e perceber quais são as suas intenções no que se refere ao processo de paz no Médio Oriente e a questões de "interesse mútuo", como a situação síria, iraniana e libanesa.

Entre os principais pontos da agenda, os ministros dos Negócios Estrangeiros irão abordar a situação na região de Tigray, na Etiópia, mas também a Bússola Estratégica da UE e a "geopolítica das novas tecnologias digitais".

No que se refere à situação na Etiópia, os ministros irão procurar perceber de que forma a "UE pode colaborar e contribuir para pôr fim à crise em Tigray e colocar de novo a Etiópia no caminho do diálogo político", após a Frente Popular de Libertação de Tigray (TPLF, na sigla em inglês) ter ocupado Mekele, a capital da região, e o Governo federal ter declarado, a 28 de junho, um cessar-fogo unilateral.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros irão também abordar, pela primeira vez, a Bússola Estratégica da UE, um documento que procura definir as prioridades do bloco em matéria de defesa e segurança e que está previsto que seja adotado ao nível institucional em março de 2022.

Após os ministros da Defesa da UE terem finalizado a análise de ameaças em novembro de 2020 - uma das principais fases da Bússola Estratégica - os chefes da diplomacia deverão, desta feita, focar-se com particular atenção no desenvolvimento de parcerias com organizações internacionais e países, e na "ajuda a países terceiros".

Os ministros irão também inaugurar um debate sobre a "geopolítica das novas tecnologias digitais", que terá como objetivo perceber qual é o "papel que a UE pode desempenhar ao nível global para moldar um mundo onde a tecnologia trabalha em prol de sociedades mais prósperas e inclusivas".

Haverá ainda tempo para os ministros debaterem questões de assuntos corrente, entre as quais a retirada das tropas da NATO do Afeganistão, e as negociações entre o Governo local e os Talibã, mas também a situação no Líbano e no Sul do Cáucaso.

A reunião, onde Portugal será representado pelo ministro de Estado e Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, tem início às 09h30 de Bruxelas (08h30 de Lisboa) e deve terminar por volta das 17h00 (16h00 de Lisboa).

Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.800 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e 732 mil deslocados, de acordo com a ONU.

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