Moçambique. Formação da missão da UE "está a avançar muito bem"

João Gomes Cravinho adiantou que na quarta-feira houve uma primeira reunião informal em Bruxelas para decidir a constituição da força europeia, que forneceu já "indicações muito positivas".

A formação da missão de treino militar que a União Europeia (UE) vai enviar para Moçambique "está a avançar muito bem", com "muitos contributos" dos Estados-membros, revelou esta quinta-feira à Lusa na Eslovénia o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho.

Em declarações à chegada a uma reunião informal de ministros da Defesa da UE, na qual os 27 vão fazer um ponto da situação das atividades operacionais da UE pelo mundo, incluindo a constituição da missão de formação militar para Moçambique, que os 27 aprovaram em julho passado, João Gomes Cravinho adiantou que na quarta-feira houve uma primeira reunião informal em Bruxelas -- ao nível das representações permanentes -- para decidir a constituição da força europeia, que forneceu já "indicações muito positivas".

"Moçambique e a formação da missão de treino da União Europeia está a avançar muito bem, com grande rapidez, com grande recetividade, e com muitos contributos por parte de Estados-membros da UE. Portanto, tenho a registar grande satisfação nesse campo", declarou o ministro.

Relativamente à reunião da véspera, ao nível de representantes permanentes dos 27 em Bruxelas com instruções políticas das suas capitais em relação à participação de efetivos militares de cada país, João Gomes Cravinho, escusando-se a revelar pormenores sobre a disponibilidade manifestada pelos Estados-membros da UE, garantiu que a reunião foi "muito positiva" e dá "total confiança" de que, tal como previsto, a missão estará no terreno no início do próximo mês.

"Foi uma reunião informal, para, digamos, tirar o pulso aos Estados-membros, e isso já nos deu indicações muito positivas para a reunião formal que vai ter lugar de hoje a uma semana. Aquilo que aconteceu ontem [quarta-feira] dá-nos total confiança de que a missão pode cumprir o seu objetivo de iniciar [o trabalho no terreno] dentro de poucas semanas, no início de outubro", afirmou.

Em 12 de julho, os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE aprovaram a constituição de uma missão de formação militar em Moçambique para "treinar e apoiar as Forças Armadas moçambicanas" no "restabelecimento da segurança" em Cabo Delgado, província no nordeste do país, que é palco de ataques de grupos armados desde 2017, alguns dos quais reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico, com um balanço de mais de 3.100 mortos e mais de 817.000 deslocados.

Comandada pelo brigadeiro-general português Nuno Lemos Pires, a missão EUTM Moçambique, cujo lançamento foi uma prioridade da presidência portuguesa do Conselho da UE, visa treinar as companhias de forças especiais moçambicanas para desenvolverem uma reação de força rápida que permita mudar a situação em província de Cabo Delgado, e deverá estar assim operacional no terreno no início de outubro, com uma duração prevista de 28 meses.

As Forças de Defesa e Segurança de Moçambique já contam, desde o início de agosto, com o apoio de mil militares e polícias do Ruanda na luta contra os grupos armados em Cabo Delgado, no quadro de um acordo bilateral entre Maputo e Kigali.

Além do Ruanda, Moçambique terá apoio da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), num mandato de uma "força conjunta em estado de alerta" aprovado em 23 de junho, havendo militares de alguns países-membros já no terreno.

Na passada segunda-feira, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, afirmou que os avanços militares em Cabo Delgado estão a abrir "boas perspetivas" para a estabilização da região norte de Moçambique.

"Continuaremos muito atentos ao movimento do terrorismo, mas os resultados até aqui alcançados abrem boas perspetivas para restauração do ambiente de estabilidade e previsibilidade tão necessário para o desenvolvimento de negócios em todo o território nacional", disse.

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