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O astronauta Michael Collins, que fez parte da missão Apollo 11, morreu esta quarta-feira aos 90 anos, enquanto travava uma batalha contra o cancro. Com Neil Armstrong e Buzz Aldrin, formou a tripulação da missão que permitiu que a humanidade pisasse, pela primeira vez, o solo lunar, em 20 de julho 1969.
Dos três, Michael Collins acabou por ser o único que não andou sobre a lua. Estava encarregado de pilotar o módulo de comando, o Columbia.
Enquanto orbitava o satélite natural da Terra, Neil Armstrong entrava em direto nas televisões de todo um mundo com uma frase que ficou para a História: "Um pequeno passo para um homem, um salto gigantesco para a humanidade."
Sozinho? Não, acompanhado de "café quente"
Já com os pés bem assentes na Terra, e 50 anos depois da alunagem, Michael Collins deu uma resposta sobre a missão que correu o mundo.
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A cada órbita lunar, o módulo que comandava perdia o contacto com o Controlo da Missão, em Houston, por períodos de mais de 40 minutos. Chegou a ser apelidado, nesses momentos, de "homem mais só do Universo".
Nada disso, garantiu o próprio numa entrevista com o diretor do Kennedy Space Center, Bob Cabana.
"Confiava no que estava à minha volta", garantiu, antes de dar a sua perspetiva única sobre como tinha vivido a missão: "Foi perfeitamente agradável. Tinha café quente, tinha música se quisesse."
"Não me senti sozinho - eram apenas 40 e tal minutos de paz e sossego", assegurou. No mesmo ano, mas numa outra entrevista, Collins reforçou que a missão Apollo 11 mudara para sempre a sua vida.
"Quando nos lançámos e olhámos (para a Lua)... Oh, era uma esfera espetacular", disse na Universidade George Washington. Mas, "por magnífico que isso fosse, por mais impressionante, e por mais que vá lembrar-me sempre disso, não era nada - nada - comparado com uma outra janela", continuou.
"Lá fora estava uma pequena ervilha, do tamanho da unha do polegar à distância de um braço: azul, branca, muito brilhante. Vê-se o azul dos oceanos, o branco das nuvens, as faixas cor de ferrugem a que chamamos continentes, uma coisa tão linda e minúscula, aninhada neste veludo preto do resto do universo."
"Graça e humildade"
Na conta oficial do astronauta no Twitter, a família escreveu que Michael Collins "enfrentou sempre os desafios da vida com graça e humildade e enfrentou o seu desafio final da mesma forma", numa referência à batalha contra o cancro.
"Viveu os seus últimos dias de forma pacífica, com a família ao lado", lê-se também no comunicado. "Por favor, juntem-se a nós com carinho e alegria, lembrando a sua sagacidade, do seu tranquilo senso de propósito, e da sua perspetiva sábia, conquistada tanto por olhar para a Terra a partir do espaço, como por olhar através das águas calmas do convés do seu barco de pesca."
"Terás sempre o fogo para nos carregar para novas aventuras"
Através do Facebook, Buzz Aldrin, que também integrou a tripulação da missão Apollo 11, fazendo um jogo de palavras com o livro que Collins escreveu chamado "Carrying the Fire" ("Carregando o Fogo", em português), afirmou que vai sentir a falta do astronauta.
"Querido Mike, onde quer que tenhas estado ou estejas, terás sempre o fogo para nos carregar habilmente para novas alturas e para o futuro. Sentiremos a tua falta. Que descanses em paz", escreveu.