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Morreu o escritor japonês e Nobel da Literatura Kenzaburo Oe, aos 88 anos, no dia 3 de março.
A notícia só foi revelada esta segunda-feira, já depois de se ter realizado o funeral onde apenas a família marcou presença, segundo a AFP.
Kenzaburo Oe "morreu de idade avançada às primeiras horas do dia 3 de março", revelou a editora japonesa Kodansha.
Autor de livros como "Não Matem o Bebé" e "Morte pela Água" (editados em Portugal pela Livros do Brasil) Kenzaburo Oe venceu o prémio Nobel da Literatura em 1994. O júri do galardão destacou-lhe a "força poética com que cria um mundo imaginado, onde vida e mito se condensam para formar uma imagem desconcertante da situação humana".
Em declarações à TSF, São José Sousa, editora da Livros do Brasil, fala de "uma escrita de grande mestria onde temas difíceis, duros, não são evitados".
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São José Sousa elogia a obra de Kenzaburo Oe
No livro "Não Matem o Bebé", publicado em 1964, Kenzaburo Oe "abordou o tema do nascimento de uma criança com graves problemas de saúde. Ele próprio teve um filho que nasceu com com um grave problema de saúde, isso marcou esse seu caminho para para a vida adulta e toda a sua obra".
Já em "Morte pela Água" o escritor japonês aborda "o trauma da Segunda Guerra Mundial e o impacto que teve no Japão moderno".
Para São José Sousa, Kenzaburo Oe é um "autor muito focado na ideia do choque cultural, do isolamento num país, mas também de um indivíduo à procura do seu lugar no mundo no mundo". Os seus livros são "obras de um certo confronto com a dor".
Defensor da constituição pacifista adotada pelo Japão após a Segunda Guerra Mundial, o escritor foi ainda um grande opositor da energia nuclear e causou polémica por recusar a Ordem da Cultura por ser uma distinção atribuída pelo imperador. "Não posso reconhecer nenhuma autoridade, nenhum valor superior à democracia", justificou.