Na Ucrânia, os centros de Covid-19 estão a tratar feridos de guerra

A Organização Mundial de Saúde está a montar um centro de coordenação e logística na Polónia para tratar e fazer chegar ajuda médica aos ucranianos. No primeiro relatório sobre a situação sanitária no país alerta que o sistema de saúde já era frágil, a pandemia agravou o cenário e a guerra está a deitar por terra o que restava.

A guerra muda tudo. De um dia para o outro também mudou as prioridades dos cuidados de saúde na Ucrânia. E, segundo a Organização Mundial de Saúde, há até agora "pelo menos 18 milhões de pessoas afetadas".

Agora, a prioridade é tratar traumatizados e feridos de guerra, por exemplo, os centros de Covid-19 estão a receber vítimas de explosões e bombardeamentos. É cada vez mais difícil acudir às vítimas do conflito, quanto mais aos doentes comuns.

O relatório da OMS fala na destruição total ou parcial de unidades de saúde e indica que pelo menos outras "200 instalações viram-se, de repente, situadas em zonas de conflito ou em áreas que passaram a estar sob outro controlo", ou seja, sob controlo russo.

O enorme impacto da guerra sente-se a todos os níveis. As reservas de oxigénio já foram reforçadas do exterior, desde o início do conflito, mas "estão ainda a níveis perigosamente baixos". Os confrontos obrigaram ao encerramento de três maiores fábricas de produção de oxigénio medicinal, bem como ao fecho de farmácias e pequenos centros de saúde nas zonas do interior.

A destruição de infraestruturas de água e saneamento, com as populações fustigadas pelo frio e amontoadas em abrigos criam um meio ideal à propagação de doenças infecciosas "como Covid-19, sarampo, poliomielite, tuberculose ou VIH". Ainda por cima, num país com baixas taxas de vacinação e "surtos recentes de tuberculose multirresistente, sarampo ou poliomielite", os deslocados e refugiados são os que correm mais riscos.

Há, depois, os doentes crónicos, maioritariamente os mais velhos, que não conseguem fugir à guerra e que são cardíacos, doentes oncológicos, ou diabéticos, pessoas que de um momento para o outro se viram sem tratamentos.

Entre o muito que falta, sentem-se mais as falhas em reservas de sangue, insulina, cito estáticos e anestésicos.

As estradas, portos e aeroportos destruídos têm dificultado a entrada e a circulação de medicamentos e equipamentos médicos. Também faltam profissionais de saúde que fugiram ou não conseguem trabalhar.

As doenças mentais como o stress pós-traumático, a depressão ou a ansiedade são epidemias à espera da sua vez, que "deverão atingir pessoas de todas as idades".

Entre os mais frágeis, estão ainda as grávidas e os recém-nascidos, porque a vida não para, mesmo quando está debaixo de fogo. A OMS está particularmente preocupada com a "interrupção da campanha de vacinação nacional de crianças entre os seis e meses e os seis anos contra o vírus da poliomielite".

A Organização Mundial de Saúde está a instalar um grande centro logístico e de coordenação na Polónia. É aqui que pretende fazer operações de emergência, dar apoio psicológico ou tratar feridos, além de vacinar quem chega contra as doenças infecciosas mais comuns. Na fronteira da Moldávia concentram-se as operações de triagem e fornecimento de material de proteção e desinfeção.

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