"Não é só a Ucrânia sob ataque russo. É a Europa, o mundo, a Humanidade e as próximas gerações"

Sergiy Kyslytsya alerta que um acidente nuclear em Zaporizhzhia pode exceder o que aconteceu em Chernobyl e em Fukushima.

O embaixador da Ucrânia na ONU, Sergiy Kyslytsya, defendeu esta sexta-feira, na reunião do Conselho de Segurança, que mais do que a Ucrânia, a invasão russa está a ter efeitos sobre as próximas gerações e repetiu a ideia já defendida pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, de que o país "sobreviveu à noite que podia ter acabado com a História da Ucrânia e da Europa".

Todos os dias, assinalou, o representante ucraniano, têm surgido mais provas de que "não é só a Ucrânia que está sob ataque russo, é a Europa, o mundo, a Humanidade e o futuro das próximas gerações".

Kyslytsya defendeu que a Rússia está "furiosa porque os seus planos para invadir rapidamente a Ucrânia já falharam", porque os ucranianos "continuam a combater corajosamente pela sua liberdade" e devido à "solidariedade mundial" que nasceu da invasão, repetindo a acusação de que a Rússia está a cometer crimes de guerra e contra a Humanidade "que nem tenta esconder", atingindo zonas residenciais com bombas, artilharia e mísseis.

"Têm sido mortos civis pacíficos e destruídas infraestruturas críticas", lamentou, reforçando a morte de 47 civis em Chernigiv, "incluindo crianças", e assinalando que isto "não chega para a Rússia terrorista", que esta quinta-feira "cometeu terrorismo nuclear ao bombardear e tomar a central nuclear de Zaporizhzhia".

Tanto esta central como a de Chernobyl estão agora "sob controlo russo", mas os trabalhadores das mesmas monitorizam o funcionamento seguro dos dois equipamentos. Ainda assim, "é alarmante que muitos dos trabalhadores responsáveis por manter a segurança dos locais tenham sido alegadamente mortos por soldados russos", assinalou, denunciando que não tem havido troca de turnos "desde a manhã de ontem (quinta-feira)".

Num ponto de situação do funcionamento da central, Kyslytsya assinalou que "o edifício principal da Unidade 1, a passagem aérea e a linha telefónica foram destruídos". A Unidade 1 está "inativa", as Unidades 2 e 3 "foram desligadas da rede", a Unidade 4 está "a operar" e as Unidades 5 e 6 "estão a ser arrefecidas".

O acesso dos inspetores nucleares ao local "não está a ser permitido" e não foram registadas alterações nos níveis de alteração. Os dados do sistema automatizado de monitorização de radiação "não estão operacionais".

O arrefecimento dos combustíveis da central nuclear "está a ser feito por unidades energéticas dedicadas" e se este processo for perturbado, assinala, "pode haver danos radioativos em vários territórios e consequências irreparáveis no ambiente de todo o continente" europeu. O diplomata alertou também que "milhares de pessoas, incluindo civis, não conseguem abandonar a área devido ao combate."

Ucrânia suspeita que representante russo já não fala com Moscovo

Num ataque direto ao representante da Rússia enquanto se preparava para terminar a sua intervenção, Kyslytsya acusou-o de ter tentado "entregar uma mensagem quase angelical de paz", o representante ucraniano reforçou que "Satanás também era um anjo, um anjo que se revoltou contra Deus".

"Queria perguntar-lhe se ainda consegue comunicar com a sua capital. Provavelmente não, quem sabe?", provocou antes de o interpelar para que apele às "Forças Armadas que garantam um corredor seguro que permita aos estudantes estrangeiros sair das zonas de conflito. Pare de espalhar mentiras!"

"Sabe muito bem o que se passa lá, se está de facto em contacto com a sua capital", atirou também antes de avisar que "um desastre nuclear desta escala pode - livre-nos Deus - exceder todos os acidentes nucleares do passado, incluindo Chernobyl e Fukushima."

A Ucrânia exige, uma "resposta adequada" da comunidade internacional perante o que pode ser um desastre nuclear "sem precedentes" e insiste na necessidade de fechar o espaço aéreo, assinalando que tal permitirá "proteger os civis de ataques aéreos, assim como trabalhadores humanitários" e deve ser uma "prioridade máxima" nas discussões do Conselho de Segurança.

"Um falhanço do Conselho de Segurança em atuar, especialmente tendo em conta a posição da Rússia, seria uma responsabilidade histórica do conselho e de toda a ONU", avisou.

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