Níveis de infeções mais altos em seis meses. EUA "fracassam" no combate à pandemia

Os jovens são cada vez mais afetados pela doença. O número de crianças hospitalizadas com Covid-19 situa-se agora em 1450, mas os menores de 12 anos ainda não são elegíveis para a vacinação.

Os Estados Unidos "estão a fracassar" na luta contra a pandemia de Covid-19, alertou, este domingo, um alto funcionário de saúde pública, num momento em que o país regista os níveis mais altos de infeções em seis meses.

"Nunca deveríamos ter chegado onde estamos", disse Francis Collins, diretor dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), no programa This Week da ABC, citado pela AFP. "Sim, estamos a falhar", acrescentou.

O aumento da presença da variante Delta do vírus, altamente transmissível, fez com que o total de novos casos diários chegasse a 118 mil, o maior número desde fevereiro. As mortes aumentaram em 89% nas últimas duas semanas e os hospitais infantis, em estados como a Flórida, estão "sobrecarregados" à medida que os jovens são cada vez mais afetados.

O receio da variante Delta fez subir as taxas de vacinação, mas, ainda assim, e apesar dos estudos que confirmam a segurança das vacinas, milhões de pessoas, especialmente nas áreas de maioria conservadora, permanecem céticas. "Não estaríamos onde estamos com este aumento da Delta se tivéssemos sido mais eficazes na vacinação de todos", afirmou Collins. "Agora estamos a pagar um preço terrível", admitiu.

O número de crianças hospitalizadas com Covid-19 situa-se agora em 1450, mas os menores de 12 anos ainda não são elegíveis para a vacinação. Collins alertou que se as crianças voltarem a ter aulas presenciais e não forem obrigadas a usar máscaras, "o vírus vai espalhar-se mais amplamente", e apelou aos pais para que encarem as máscaras como um "dispositivo médico que salva vidas" e não como uma "declaração política ou uma invasão das suas liberdades".

O Centro de Controlo e Prevenção de Doenças norte-americano informou, numa publicação na rede social Twitter, que mesmo as crianças assintomáticas podem transmitir o coronavírus, defendendo o uso de máscaras "em ambientes fechados, incluindo as escolas".

O secretário da Educação, Miguel Cardona, exortou na CBS as escolas, muitas das quais têm clínicas de vacinação gratuitas, a "deixarem os líderes educacionais liderarem". Na Flórida, um dos estados mais afetados pelo aumento de casos, o governador Ron DeSantis desencadeou protestos ao proibir a exigência do uso de máscaras nas escolas, o que fez com que o Departamento de Saúde deste estado norte-americano autorizasse as instituições de ensino a exigirem o uso das máscaras nas suas instalações. Contudo, na tentativa de satisfazer a todos, também permitiu aos alunos que ignorassem esta obrigação se os pais assim o desejassem.

O presidente da Federação Americana de Professores (AFT), Randi Weingarten, afirmou em declarações ao programa da NBC News "Meet the Press" que 90% dos professores do sindicato foram vacinados e admitiu que a instituição pondera reconsiderar a decisão tomada em outubro sobre a vacinação voluntária dos seus membros.

"Creio que as circunstâncias mudaram e que a vacinação é uma responsabilidade comunitária", afirmou, confessando estar "muito preocupado" com o facto de as crianças com menos de 12 anos de idade ainda não poderem ser vacinadas.

Weingarten reconheceu que existem "objeções religiosas e médicas significativas", que admitiu serem importantes na definição da política de vacinas por parte do sindicato, e concedeu que a decisão pode passar pela sugestão do Presidente Joe Biden de permitir às pessoas escolherem entre as vacinas e testes regulares.

"Acredito que a combinação de vacinas e máscaras irá proteger os nossos filhos mais novos", afirmou, mas observou que também é importante o trabalho com os pais.

Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas, reiterou, em comentários à NBC, que não haverá uma determinação legal federal que venha a exigir a imunização contra a Covid-19.

No entanto, estimou que, se o regulador norte-americano para a área da saúde, a US Food and Drug Administration (FDA), aprovar a administração universal das vacinas - o que, segundo Fauci, pode acontecer "nas próximas semanas" - muitas empresas e entidades privadas poderão vir a impor a obrigatoriedade da vacinação.

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