- Comentar
A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou esta terça-feira que decidiu manter a pandemia de Covid-19 como emergência de saúde pública de preocupação internacional, na sequência da recomendação feita pelo seu Comité de Emergência.
Relacionados
Portugal passa a ser o terceiro país da UE com mais mortes associadas à Covid-19
Residente em Macau condenado a prisão suspensa por violar confinamento parcial
Excesso de mortalidade por Covid-19 nos mais velhos altera estrutura etária do país
"O Comité de Emergência da Covid-19 reuniu-se na sexta-feira e concluiu que o vírus permanece como uma emergência de saúde pública de preocupação internacional", adiantou o diretor-geral da OMS em conferência de imprensa, em Genebra.
Tedros Adhanom Ghebreyesus manifestou-se "preocupado" com a recente subida do número de casos de infeção, que estão a colocar sob pressão os sistemas de saúde e os profissionais desta área.

Leia também:
Associações de Macau preveem confinamento mais longo e lamentam perda de salários
Segundo Tedros Adhanom Ghebreyesus, o Comité de Emergência da OMS para a pandemia salientou que as subvariantes BA.4 e BA.5 da variante Ómicron do coronavírus SARS-CoV-2 "continuam a ser responsáveis por ondas de casos, hospitalizações e mortes em todo o mundo".
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
Além disso, a vigilância foi "reduzida significativamente" em muitos países, incluindo a testagem e sequenciação do coronavírus que provoca a Covid-19, fazendo com que "seja cada vez mais difícil apurar o impacto das variantes na transmissão e a efetividade das contramedidas", alertou o responsável da OMS.
De acordo com Tedros Adhanom Ghebreyesus, verifica-se ainda uma "grande desconexão na perceção da Covid-19" entre a comunidade científica, os líderes políticos e o púbico em geral", o que constitui um desafio para "construir a confiança da comunidade" nas medidas de saúde pública, como o uso de máscara, o distanciamento e a ventilação dos espaços interiores.
"Novas ondas do vírus estão a demonstrar mais uma vez que a Covid-19 não está perto do fim. Sempre que o vírus nos pressiona, nós devemos resistir e pressioná-lo a ele. Estamos numa posição mais favorável agora do que no início da pandemia. Fizemos bons progressos", sublinhou o diretor-geral da OMS, ao apelar aos governos para que se foquem na vacinação de reforço para que seja possível atingir o objetivo de ter 70% da população mundial imunizada contra o SARS-CoV-2.
Por fim, Tedros lembrou também que já existem meios de prevenção seguros que evitam infeções, hospitalizações e mortes, mas esses avanços não podem ser considerados como garantidos.
"Quando a transmissão e as hospitalizações sobem, os governos devem usar métodos testados, como intensificar o uso de máscaras, melhorar a ventilação dos espaços e aplicar protocolos de testagem e tratamento. Apelo aos governos que adaptem regularmente os protocolos de resposta à pandemia de Covid-19, baseando-se na epidemiologia mais recente e no surgimento de novas variantes", acrescentou.
Segundo os dados da organização, os casos de Covid-19 reportados à OMS aumentaram 30% nas últimas duas semanas, em grande parte impulsionados pelas linhagens BA.4 e BA.5 da variante Ómicron, mas também devido ao levantamento de medidas de saúde pública que tinham sido adotadas para conter a transmissão do vírus.
De acordo com a OMS, o Comité de Emergência concordou unanimemente que a pandemia ainda cumpre os critérios de um acontecimento extraordinário que continua a afetar negativamente a saúde da população mundial e que a disseminação internacional das novas variantes do SARS-CoV-2 pode apresentar um impacto ainda maior na saúde.
Os peritos deste comité admitiram que a evolução contínua do coronavírus SARS-CoV-2, embora inerente a todos os vírus, continue de forma imprevisível.
O Comité de Emergência para a Covid-19 realizou sua primeira reunião em 22 e 23 de janeiro de 2020 e, dias depois, o diretor-geral da OMS declarou que o surto de SARS-CoV-2 constituía uma emergência de saúde pública de preocupação internacional (PHEIC, na sigla em inglês).
A este comité, que reúne por convocação do diretor-geral da OMS, cabe recomendar se um surto constitui uma emergência de saúde pública, propondo medidas temporárias para prevenir e reduzir a propagação de uma doença e gerir a resposta global à saúde pública, se assim for necessário.
A PHEIC é declarada com base num "um evento extraordinário, grave, repentino, incomum ou inesperado", com implicações para a saúde pública para além da fronteira nacional do Estado afetado e que pode exigir uma ação internacional imediata.