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O Presidente da Ucrânia lembrou, esta quarta-feira, os ataques de Pearl Harbor e do 11 de Setembro, enquanto se dirigia ao Congresso dos Estados Unidos da América, e afirmou que essa é a realidade da Ucrânia "todos os dias", há três semanas, reiterando o pedido para que "encerrem os céus".
Volodymyr Zelensky, que falou ao congresso norte-americano através de videoconferência, foi apresentado pela presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, e recebido com uma ovação de pé.
Zelensky insistiu que a Rússia tornou o céu ucraniano "numa fonte de morte para milhares de pessoas", pelo que é necessário criar uma zona de exclusão aérea no país.
"É um terror que não se via há anos", sublinhou. "A Ucrânia está a ser atacada agora e precisa de vocês, da vossa ajuda." "Fechem os céus. Isto é pedir demasiado?", questionou Zelensky.
"Se é pedir demasiado, pedimos uma alternativa", concedeu o líder ucraniano. "Sabem o tipo de sistemas de defesa de que precisamos, precisamos de aviação poderosa e forte para proteger as nossas pessoas, a nossa terra e a nossa liberdade", apontou, notando que os EUA têm esses sistemas. "Eu preciso de proteger os nossos céus, eu preciso da vossa ajuda", reforçou.
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Zelensky afirmou que a Rússia não atacou só a Ucrânia, mas os valores básicos humanos partilhados também pelos americanos, falando numa "verdadeira tragédia humana".

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O Presidente ucraniano faz uma comparação com a pandemia de Covid-19 quando as pessoas precisavam das vacinas para salvar vidas. "Se essa união existisse agora, seriamos capazes de salvar dezenas milhares de vidas no nosso país", assegura.
Zelensky relembrou as pelo menos "100 crianças que perderam a vida" desde o início da guerra. "Não vejo sentido na vida quando não conseguimos parar as mortes", lamenta.
"Temos de parar as tropas russas e evitar maior destruição. Temos de impedir os agressores de cometer mais crimes contra o nosso país", sublinha Zelensky.
Antes de passar um vídeo ilustrando a tragédia que assola a Ucrânia, mostrando imagens do cenários em várias cidades ucranianas antes e depois da invasão russa, Zelensky agradeceu o apoio já demonstrado pelo povo e pelo Governo norte-americanos - e, em particular, ao Presidente Joe Biden -, que ajudou a pressionar a Rússia, com armas e sanções financeiras, mas frisou que é preciso mais.
"Peço-vos que façam mais. Precisamos de mais sanções, até que a máquina militar russa pare", declarou.
"Hoje não é apenas suficiente ser o líder do mundo, é ser líder da paz. Não depende apenas do vosso país ou do vosso povo, mas daqueles que são fortes. Força é ser corajoso", diz o Presidente ucraniano, reforçando a importância dos direitos humanos e da liberdade. "Estamos a lutar pelos valores da Europa e do mundo."
Dirigindo-se a Biden, Zelensky afirmou: "Eu desejo que Biden seja o líder do mundo e, ao ser o líder do mundo, seja o líder da paz."
"Glória à Ucrânia", finalizou, sendo aplaudido de pé por todo o Congresso norte-americano.
A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 691 mortos e mais de 1.140 feridos, incluindo algumas dezenas de crianças, e provocou a fuga de cerca de 4,8 milhões de pessoas, entre as quais três milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.