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As autoridades militares sul-africanas localizaram pelo menos 50 sul-africanos que se encontravam desaparecidos, após os atentados terroristas no norte de Moçambique, disse este sábado o Ministério da Defesa da África do Sul.
"O governo pode confirmar que, com exceção de uma pessoa que morreu tragicamente na violência, mais de 50 sul-africanos que foram dados como desaparecidos, através do Alto Comissariado da África do Sul, em Maputo, foram localizados", disse o porta-voz Siphiwe Dlamini.
O porta-voz do Ministério da Defesa sul-africano, citado pelo jornal Times e o portal News24, confirmou que a Força Nacional de Defesa da África do Sul (SANDF, na sigla em inglês) está a assistir o Alto Comissariado de Pretória em Moçambique, no repatriamento de nacionais sul-africanos para a África do Sul.

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Siphiwe Dlamini referiu ainda que o Presidente do Botswana, Mokgweetsi Masisi, convocou uma reunião da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) para a próxima semana, para discutir "medidas de intervenção" regional para a resolução do conflito armado em Moçambique.
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"O Presidente Masisi realizará esta reunião na próxima semana na sua qualidade de presidente do órgão da SADC sobre política, defesa e segurança", referiu.
"A África do Sul será guiada pelos resultados desta reunião sobre como pode ajudar a estabilizar a situação em Moçambique", afirmou o porta-voz ministerial sul-africano.
Dlamini disse que o Governo de Pretória reiterou o seu apoio às iniciativas regionais da SADC e da União Africana que procuram alcançar a paz e estabilidade no continente, incluindo na África Austral.
Na sexta-feira, o Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, disse que militares sul-africanos estão a garantir em Cabo Delgado a segurança dos seus cidadãos afetados pelos atentados terroristas no norte de Moçambique.
A Força Aérea da África do Sul retirou na terça-feira seis cidadãos sul-africanos de Moçambique afetados pelos recentes atentados terroristas no norte do país vizinho, anunciou o Governo de Pretória.
A operação de evacuação para a África do Sul, realizada pela Força Aérea Sul-Africana (SAAF, na sigla em inglês), envolveu também o repatriamento dos restos mortais de um homem sul-africano de 40 anos, que morreu nos atentados terroristas na sexta-feira, na vila de Palma, norte da província moçambicana de Cabo Delgado, disse o Ministério das Relações Internacionais e Cooperação sul-africano.
No ataque do dia 24, em Palma, dezenas de civis foram mortos, segundo o Ministério da Defesa de Moçambique.
Todavia, o presidente moçambicano, Filipe Nyusi, minimizou na quarta-feira o recente atentado terrorista contra Palma, a cerca de 25 quilómetros dos projetos de gás no norte do país, afirmando que "não foi o maior do que tantos outros" protagonizados pelos grupos armados que atuam em Cabo Delgado, assegurando que segue "segundo a segundo" as operações no terreno.
O movimento terrorista Estado Islâmico (EI) reivindicou na segunda-feira, 29 de março, os atentados à vila de Palma, junto à fronteira com a Tanzânia, através da agência oficial do movimento, a Amaq, divulgando imagens.
A investigadora Jasmine Opperman afirmou à Lusa que o autoproclamado EI recorreu a imagens simuladas de Mocímboa da Praia, na reivindicação do crédito pelo ataque a Palma, no passado dia 24 de março, questionando a reivindicação deste grupo de que estaria por trás do atentado terrorista.
O Departamento de Estado norte-americano considerou, no início do mês passado, o grupo Al Ansar al-Sunna, conhecido como al-Shabaab em Moçambique, como afiliado do Estado Islâmico.
O ataque a Palma, no dia 24 de março, causou um número incalculado de mortes e já levou quase 9 mil pessoas a procurar refúgio noutros pontos da província, além de haver 23 mil pessoas à espera de ajuda às portas do aeródromo do recinto de gás da Total, que a empresa abandonou por completo na sexta-feira.
A violência está a provocar uma crise humanitária com quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes.