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Cerca de 11.000 pessoas, a maioria crianças, continuam a necessitar de "ajuda humanitária urgente" em Afungi, norte de Moçambique, anunciou a Organização Internacional das Migrações (OIM), num retrato da península que acolhe o maior investimento privado em África.
A OIM estima que 11.104 pessoas (1.452 agregados familiares) estejam abrigadas na Escola Primária Completa de Quitunda, na mesma península (Afungi) dos projetos de gás, depois do ataque armado à vila de Palma (a seis quilómetros), de acordo com uma avaliação remota realizada no final da última semana e consultada hoje pela Lusa.
A insegurança, segundo a avaliação das Nações Unidas, impede que equipas das suas agências se desloquem ao local.
A petrolífera Total, que lidera o projeto de gás, abandonou as instalações entre 01 e 02 de abril sem mais informações desde então.
O Governo moçambicano "está atualmente a prestar alguma assistência, no entanto, os deslocados necessitam urgentemente de ajuda humanitária", descreve a OIM, apontando como prioridades a comida, abrigo e roupa.
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Ao mesmo tempo, as Forças de Defesa e Segurança (FDS) retomaram o controlo de Palma, vila parcialmente destruída e à qual a população tem retornado, carecendo, no entanto, de produtos essenciais - apesar de algumas iniciativas de distribuição em curso.
Dos 1.452 agregados familiares deslocados em Quitunda, cerca de um terço dorme ao relento, acrescenta a OIM, que alerta para vários casos de vulnerabilidade, tais como grávidas, mães em fase de aleitamento, crianças desacompanhadas, idosos e deficientes.
Estas cerca de 11.000 pessoas a necessitar a apoio urgente na península de Afungi acrescem ao registo oficial de deslocados para outros distritos.
Esse número provocado pelo ataque a Palma deverá hoje ultrapassar a fasquia dos 21.000, de acordo com dados da OIM.
Um levantamento feito no sábado colocava o total em 20.955 registados pelas equipas em Nangade, Mueda, Montepuez e Pemba, que continuavam a relatar um aumento significativo de chegadas.
Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo 'jihadista ' Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes, segundo contas feitas pela Lusa, e 700.000 mil deslocados, de acordo com as Nações Unidas.
O mais recente ataque foi feito em 24 de março contra a vila de Palma, provocando dezenas de mortos e feridos, num balanço ainda em curso.
As autoridades moçambicanas recuperaram o controlo da vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do projeto de gás com início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.