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Os pilotos a nível mundial estão a pedir uma investigação sobre a interferência da Bielorrússia, que consideram "ilícita", no voo da Ryanair desviado domingo pelo regime para a capital Minsk, e que resultou na detenção de um opositor.
A Federação Internacional de Associações de Pilotos de Linhas Aéreas (Ifalpa), a Associação Europeia de Pilotos (ECA) e o Sindicato Espanhol de Pilotos de Linhas Aéreas (Sepla) manifestaram hoje, em comunicado conjunto, a sua "profunda" preocupação pelo incidente, à semelhança de uma anterior declaração da Organização internacional de aviação civil (OACI).
Segundo os pilotos, a intervenção da Força Aérea bielorrussa, movida por motivos políticos, contraria o disposto na Convenção de Chicago, que regula a aviação civil a nível mundial, e "constitui claramente um ato de interferência ilícita, com todas as características próprias de um sequestro patrocinado pelo Estado".

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Na sua perspetiva, "este ato de interferência ilícita sem precedentes põe em perigo todos os protocolos de resposta à situação de ameaças de bomba de uma aeronave e as intercetações de voo".
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Sem a confiança e a informação fiável dos Estados e dos provedores de serviços de navegação aérea, a gestão dos dois géneros de acontecimentos a bordo de aviões torna-se muito mais arriscada, acrescentaram.
"Qualquer intervenção militar contra uma aeronave civil constitui um perigo deliberado para a segurança dos passageiros e da tripulação", advertiram.
Nesse sentido, solicitaram aos Estados e à comunidade da aviação internacional que investiguem e "tomem medidas rápidas contra acontecimentos similares".
Para mais, apelaram à Ryanair para que "preste todo o seu apoio aos pilotos e à tripulação de cabine, quer na futura investigação quer em relação ao seu estado físico e mental, após um acontecimento tão difícil e stressante".

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Um avião da companhia Ryanair que fazia a ligação entre a Grécia e a Lituânia, dois países da União Europeia, foi intercetado no domingo pela aviação bielorrussa pouco antes de entrar no espaço aéreo lituano e por ordem do Presidente Alexander Lukashenko, alegando um alerta de bomba que, segundo Minsk, se revelou falso.
Roman Protasevich, 26 anos, antigo chefe de redação do influente 'media' da oposição bielorrusso Nexta e que seguia a bordo do aparelho, foi detido após a chegada do avião a Minsk. Desde novembro que era considerado um "terrorista" pelas autoridades da Bielorrússia.
Exilado na Lituânia, Protasevich é perseguido na Bielorrússia por "organização de tumultos massivos", um crime passível de 15 anos de prisão.
Os ocidentais e os críticos do regime de Alexandre Lukashenko denunciaram um desvio de avião, com alguns a referirem-se inclusive a "terrorismo de Estado".
Os países ocidentais e os membros da NATO, incluindo o Governo português, já condenaram o desvio do avião, assim como a detenção de Protasevich, e já aplicaram diversas sanções e contra o Governo bielorrusso.

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