- Comentar
Trinta anos depois da independência da Eslovénia, o nome de uma rua batizada desde 1979 em homenagem ao marechal Josip Broz Tito tem mostrado como o ex-líder da federação da Jugoslávia continua a dividir opiniões na Europa Central, avança o jornal britânico The Guardian.
Um decreto municipal que muda o nome de Tito Road, ou Titova cesta, em Radenci, uma cidade no nordeste da Eslovénia, para Cesta osamosvojitve Slovenije, ou Estrada da Independência da Eslovénia, foi debatido na mais alta corte do país. Apesar de uma decisão do tribunal constitucional ter anulado o decreto em dezembro, o presidente da câmara da cidade, Roman Leljak, escritor e historiador, causou consternação nos últimos dias ao insistir em remover das ruas todas as referências ao ex-ditador.
Numa reunião municipal, onde um novo decreto foi aparentemente aprovado definitivamente, cinco vereadores retiraram-se e Leljak foi acusado de ser um "ideólogo".
"Infelizmente, a democracia morreu no município de Radenci com o aparecimento do presidente da câmara Roman Leljak, que arbitrariamente muda a imagem do município e toma decisões suspeitas que serão pagas pelos cidadãos por muito tempo", disseram os vereadores Norma Bale e Dejan Berić num comunicado, citado pelo mesmo jornal.
Ao defender a remoção do nome de Tito da rua em Radenci, Leljak afirmou que o ex-líder da federação da Jugoslávia foi um dos grandes criminosos do século XX.
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
Em 2011, o tribunal constitucional decidiu que uma outra tentativa de renomear uma rua na capital da Eslovénia, Liubliana, em homenagem a Tito, era inconstitucional. "O nome Tito não simboliza apenas a libertação do território da atual Eslovénia da ocupação fascista na segunda guerra mundial, mas também graves violações dos direitos humanos e das liberdades básicas, especialmente na década após a guerra ", afirmou o tribunal.
Leljak referiu que o último esforço para mudar o nome da rua está totalmente de acordo com a lei e acrescentou que a mudança é um sinal de respeito a Alojz Gaube, um ex-membro do Exército do povo jugoslavo fundado por Tito, que foi morto a tiros na rua quando lutava pela independência da Eslovénia em 1991.
Tito, filho de pai croata e mãe eslovena, governou a ex-Jugoslávia da qual a Eslovénia fez parte durante 35 anos até à sua morte em 1980. Foi implacável na supressão de opiniões dissidentes e movimentos nacionalistas e o seu papel e conduta durante a formação da federação socialista da Jugoslávia continuam a ser debatidos. Após a morte de Tito, a Jugoslávia entrou numa guerra civil que matou mais de cem mil pessoas.
A Eslovénia comemorou o 30.º aniversário da sua independência da Jugoslávia no final do mês passado, um momento que o primeiro-ministro, Janez Janša, disse ter permitido ao país "respirar livremente".