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Tom Cruise devolveu os seus três Globos de Ouro - dois de Melhor Ator e um de Melhor Ator Secundário - em protesto contra a falta de diversidade entre a organização dos prémios anuais de Hollywood. É a mais recente estrela a juntar-se a um coro de críticas que já dura há cerca de três meses. Antes de Tom Cruise, também os atores Mark Ruffalo e Scarlett Johansson se juntaram a um movimento que pede que a HFPA (Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood) se afaste da organização dos Globos de Ouro para que sejam feitas mudanças substanciais.
A NBC, que transmite a cerimónia desde 1996, já afirmou que não transmitirá os Globos de Ouro no próximo ano e também pediu uma "reforma significativa" na organização.
Na sequência desta polémica, a Time's Up, uma instituição de solidariedade que junta dinheiro para apoiar vítimas de assédio sexual e uma das principais defensoras da reforma na indústria, descreveu a decisão da NBC como um "momento decisivo para Hollywood".
Além da NBC, também a WarnerMedia, Netflix e a Amazon Studios se recusaram a participar em eventos relacionados com a HFPA, cujos membros - que votam nos vencedores dos prémios - têm sido alvo de críticas depois de uma investigação do Los Angeles Times ter revelado, em fevereiro, que não tem um único membro de raça negra há 20 anos.
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A HFPA publicou, na segunda-feira, no site dos Globos de Ouro uma cronologia com as reformas que pretende fazer e garantiu que está empenhada em "atingir estes objetivos com extrema urgência". Entre os planos, a associação diz querer dar prioridade ao recrutamento de negros e à contratação de conselheiros de diversidade. Objetivos que se comprometeu a atingir em 50% nos próximos 18 meses.
Associação também indicou que iria adotar regras menos rígidas de admissão e publicar a lista de membros, passando a aceitar jornalistas de entretenimento estrangeiros que estão nos EUA e não apenas na Califórnia. A formação em aspetos como a diversidade, equidade, inclusão e sensibilização para o assédio sexual será dada a todos os membros, que ficarão impedidos de aceitar artigos promocionais de estúdios de cinema e televisão.
A Time's Up descreveu estas propostas como sendo "banalidades".
"Qualquer organização ou patrocinador que se tenha preparado para julgar a nossa vibrante comunidade de criadores e talentos deve fazer melhor", afirmou Tina Tchen, presidente da Time's Up.
Já Scarlett Johansson, que foi nomeada para cinco Globos de Ouro, incentivou outros membros da indústria cinematográfica a boicotarem a organização até que façam mudanças internas significativas.
Mark Ruffalo, por sua vez, considerou as propostas da HFPA como "desencorajadoras".
"Agora é altura de nos impormos e corrigirmos os erros do passado. Honestamente, como vencedor recente de um Globo de Ouro, não posso sentir-me orgulhoso ou feliz por ter sido galardoado com este prémio", acrescentou o ator.