Polícia bloqueia marcha no centro de Moçambique e faz várias detenções

Pelo menos três pessoas foram detidas na cidade da Beira. À TSF, a ativista Quitéria Guirengane garante que não houve qualquer tipo de provocação por parte dos manifestantes.

A polícia deteve pelo menos três pessoas na cidade da Beira, centro de Moçambique, após confrontos com participantes numa marcha de homenagem ao 'rapper' Azagaia.

O 'rapper do povo' morreu de doença na última semana e para este sábado estavam marcadas várias marchas de homenagem no país.

A polícia bloqueou participantes da marcha na cidade da Beira, a meio do caminho, apesar de na sexta-feira ter garantido que a mesma tinha autorização para se realizar.

À TSF, Quitéria Guirengane, uma das promotoras da marcha em Maputo, explica que a polícia utilizou gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes e terá usado balas de borracha. A presidente da Rede de Mulheres Jovens Líderes diz que apesar dos protestos terem sido autorizados, a polícia fez tudo para os impedir.

A ativista afirma que a polícia fez diversas detenções um pouco por todo o país. "Estamos a tentar gerir. Ainda estamos a fazer um mapeamento intensivo de todos os detidos. Lançaram gás lacrimogéneo, balas de borracha, destruíram carros de pessoas, residências e eles não têm sequer um vídeo para mostrar as pessoas a fazerem a violência. As pessoas responderam à violência com paz", adianta Quitéria Guirengane.

A ativista garante que não houve qualquer tipo de provocação por parte dos manifestantes.

"Eles chegaram com vontade de fazer violência. A primeira coisa que fizemos para poder dialogar foi mandar toda a gente sentar-se no chão. Ninguém trazia qualquer tipo de objeto contundente, ninguém respondeu a qualquer tipo de violência, as pessoas sentaram-se no chão, eu disse à polícia que estávamos a espera dos nossos advogados. Quando começaram a dispersar as pessoas, levaram blindados, as pessoas correram, eu continuei a dialogar com os polícias. Começaram a dispersar as pessoas, a dizerem às pessoas para irem para casa, lançaram gás lacrimogéneo e balas de borracha. Começaram a surgir grupos espontâneos que decidiram marchar, empunhando mensagens de Azagaia, sem nenhuma arma branca ou qualquer tipo de outra arma", conta.

Fonte policial, sob anonimato, disse este sábado aos jornalistas que, entretanto, foram recebidas ordens para a marcha não se realizar.

Face ao bloqueio, os ânimos exaltaram-se e houve confrontos com agressões físicas, sem disparos, que resultaram na detenção de, pelo menos, três participantes, disse fonte da organização.

Os restantes grupos que iam integrar a marcha já não saíram do ponto de encontro, no cruzamento da Munhava, à entrada da Beira, de onde iriam descer para a praça 03 de Fevereiro, na Ponta Gea, zona nobre da cidade.

A polícia colocou um cordão policial no local para impedir a circulação.

Albano Carige, presidente do Conselho Municipal da Beira, pediu aos participantes na marcha que dispersassem e remeteu a sua realização para um outro momento.

Em Chimoio, capital provincial de Manica, também no centro do país, as três organizações que estavam a preparar a marcha anunciaram hoje o seu cancelamento, sem explicações para a decisão.

A marcha em Maputo foi dispersada com gás lacrimogéneo, mas grupos de participantes continuam nas ruas do centro da cidade a desafiar a polícia, que responde com gás e cargas contra os participantes.

* Notícia atualizada às 12h55

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