População de ursos polares encontrada em região de gelo de água doce no Ártico

O gelo marinho é essencial para os ursos polares conseguirem caçar focas. No entanto, um estudo revela que há uma população desta espécie que já se adaptou às plataformas geladas de água doce.

Os ursos polares são um dos exemplos mais evidentes das consequências do aquecimento global na natureza. Estão em risco de extinção devido ao declínio do gelo marinho do Ártico, plataforma de que dependem para caçar focas. Contudo, parece haver boas notícias. Uma investigação, publicada na revista científica Science, revela que várias centenas de ursos polares já se adaptaram às placas de água doce.

"Eles sobrevivem em fiordes que são livres de gelo marinho mais de oito meses por ano, porque têm acesso a plataforma de gelo de água doce", disse a principal autora deste estudo e cientista da Universidade de Washington, Kristin Laidre, em declarações citadas pela BBC.

Esta descoberta leva os cientistas a concluírem que, apesar do aumento das temperaturas, algumas das espécies de ursos polares podem sobreviver.

"Uma das grandes questões é a que lugar, no Ártico, os ursos polares poderão agarrar-se", adianta Laidre. "Acho que num lugar como este os ursos podem ensinar-nos muito sobre onde esses lugares podem estar."

Os ursos foram rastreados durante sete anos e os cientistas combinaram os novos dados com análises genéticas e três décadas de dados históricos de toda a zona da Gronelândia. Foram utilizados também os instrumentos Moderate Resolution Imagine Spectroradiometer (MODIS) a bordo dos satélites Terra e Aqua da NASA e dados do National Snow and Ice Data Center para documentar os fiordes e o ambiente de gelo marinho.

Beth Shapiro, coautora do estudo, afirma que observaram "a população de ursos polares geneticamente mais isolada do planeta". "Sabemos que essa população vive separadamente de outras populações de ursos polares há pelo menos várias centenas de anos", explicou.

Shapiro referiu que esses ursos "não estão a prosperar", pois reproduzem-se mais lentamente e têm um tamanho menor, acrescentando que "é difícil saber se essa subpopulação está a sobreviver por causa de adaptações genéticas ou devido ao clima e habitat muito diferentes".

Diz-se que restam cerca de 26 mil ursos polares. "Está claro que, se não pudermos diminuir a taxa de aquecimento global, os ursos polares estão em trajetória de extinção. Quanto mais aprendermos sobre esta espécie notável, mais poderemos ajudá-los a sobreviver no próximo 50 a 100 anos", assegura Shapiro.

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