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O fogo ainda arde, e sente-se. A mitologia antiga narraria uma paisagem a que o deus Hefesto não deu tréguas. Na língua de Camões, a portuguesa Ana Maria Soares, que vive em Atenas, descreve um cansaço que se adensa, entre os bombeiros e os habitantes.
A temperatura na Grécia já atingiu os 45º C, e contam-se pelo menos 20 feridos. Há centenas de casas destruídas nos vários incêndios que assolam a Grécia. Nas últimas horas, a guarda costeira montou uma operação para retirar centenas de pessoas por mar, com recurso a barcos-patrulha.
A situação mantém-se crítica, e as autoridades não têm mãos a medir. "Não sabemos como vai ser, há incêndios espalhados por todo o país", admite a portuguesa, lembrando que há fogos a que os bombeiros têm dificuldade em aceder. "Só através dos aviões, que também não estão a conseguir esta vaga de incêndios."
Ana Maria Soares conta como se desenrolou o combate às chamas durante a noite.
Ana Maria Soares também conta como foi "dramática a situação durante a noite, com uma operação para retirar pessoas na praia", e numa altura em que mais de dois mil refugiados estão a ser retirados de um campo, Malakasa, a 40 km da capital grega.
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Com a exaustão a abater-se, a portuguesa diz ainda não ter saído de casa, e até a necessidade de ar condicionado já está a ter efeito. "Não se pode respirar fora. Estamos muito cansados e muito cansados de estar em casa." Por isso, o plano agora passa por abandonar a cidade, e talvez mais tarde gozar férias no litoral. "Vamos sair de Atenas, possivelmente vamos para as montanhas. Estamos todos à espera do que vai acontecer."
A portuguesa explica os planos que tem para abandonar o local.
A Grécia enfrenta a pior onda de calor em décadas, e as previsões apontam para altas temperaturas até ao final da semana. Vários países europeus já enviaram ajuda para a Grécia, incluindo Portugal.
Na vizinha Turquia, os incêndios florestais, descritos como os piores em décadas, também atingiram a costa Sul nos últimos dez dias, e já mataram oito pessoas.