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O Partido Popular (PP), o maior da oposição espanhola, elegeu este sábado em Sevilha (Andaluzia) Alberto Núñez Feijóo como o seu novo presidente, que vai tentar levar a direita ao poder nas eleições legislativas previstas para finais de 2023.
Núñez Feijóo, de 60 anos, que teve o apoio de 98% dos delegados ao XX Congresso Nacional do PP, era o único candidato a suceder a Pablo Casado, de 41 anos.
O novo presidente eleito é um político experiente e moderado que terá como principal responsabilidade tentar que a direita substitua a atual coligação de esquerda, que está no poder em Espanha, liderada pelo Partido Socialista espanhol (PSOE) e que tem como parceiro o Unidas Podemos (extrema-esquerda).
"Vim aqui para ganhar e para governar. Se não, não tinha vindo", disse o novo presidente do PP, na sexta-feira, quando apresentou a sua candidatura aos mais de três mil delegados presentes no congresso.
Feijóo é um político veterano e moderado, que obteve quatro maiorias absolutas consecutivas na Galiza, região espanhola que faz fronteira com o norte de Portugal, sendo ainda de destacar que conseguiu conter o crescimento da extrema-direita (Vox) naquela comunidade autónoma espanhola.
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O novo líder nasceu em Ourense (Galiza) em 1961 e é licenciado em Direito pela Universidade de Santiago de Compostela, de acordo com o seu perfil na página do Governo regional.
Em 1991, iniciou a sua carreira política como secretário-geral técnico do Departamento de Agricultura e Florestas e em 1996 mudou-se para Madrid para fazer parte do Governo de José María Aznar, onde foi nomeado Secretário-Geral da Saúde no Ministério da Saúde, cargo que assumiu até 2000.
Depois de passar por várias instituições públicas e privadas, Núñez Feijóo concorreu para o parlamento galego em 2009, sendo presidente do Governo regional desde 18 de abril de 2009.
"Sinto-me mais confortável no poder do que na oposição", disse o novo líder na sexta-feira à noite aos delegados, tendo agora de tentar repetir os sucessos regionais à escala nacional, com uma direita traumatizada depois da queda em 2018 do último primeiro-ministro do PP, Mariano Rajoy, na sequência da apresentação de uma moção de censura pelo atual chefe do executivo, o socialista Pedro Sánchez.
O congresso de Sevilha põe fim a uma guerra interna que começou há mais de um mês com o conflito aberto entre a liderança cessante de Pablo Casado e a presidente da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso.
O conflito foi desencadeada pelas acusações feitas pela direção do PP de uma alegada espionagem contra a presidente da região de Madrid, que a equipa de Pablo Casado sempre negou ter feito, e dúvidas manifestadas sobre a exemplaridade de Isabel Ayuso, devido a contratos feitos pelo Governo regional de Madrid que teriam beneficiado o seu irmão.
Esta crise acabou por ditar o afastamento de Pablo Casado, muito criticado dentro do partido pela sua falta de liderança.
Um dos principais desafios do novo líder do PP será o de travar o crescimento do partido da extrema-direita, que praticamente não existe na Galiza mas que está em ascensão na maior parte de Espanha.
Marginal há alguns anos, o Vox, fundada por antigos membros do PP, tornou-se a terceira força política do país nas eleições legislativas de 2019, com 52 deputados em comparação com os 88 do PP, num total de 350 lugares no Congresso dos Deputados, a câmara baixa das Cortes espanholas (parlamento).
Todas as sondagens indicam que o PP irá precisar do Vox, se um dia estiver em posição de governar, numa coligação como a que subiu ao poder há um mês na região de Castela e Leão, com o assentimento de Alberto Núñez Feijóo.