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Luanda está esta manhã paralisada pela greve de taxistas. É assim que descreve o presidente da ANATA, a Associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola, uma das três associações que convocou para este dia uma greve, em protesto contra o facto dos táxis serem os únicos transportes sem poderem voltar à lotação máxima, devido à Covid-19.
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Na passada sexta-feira, o ministro de Estado e chefe da Casa Militar do Presidente João Lourenço anunciou que a lotação dos táxis voltava aos 100%, mas as três associações decidiram manter a greve, até obterem garantias escritas por parte do Governo.
Ouvido pela TSF, o presidente da ANATA, Francisco Paciente, fala de um ambiente "muito tenso" numa cidade parada. "Neste momento, nenhum táxi circula em Luanda e algumas províncias. Na capital, Luanda, estamos totalmente paralisados", aponta.
"Neste momento, a paralisação tomou proporções alarmantes. Por falta de táxis, as pessoas estão a caminhar a pé. Determinados grupos, estranhos aos taxistas, estão a ser introduzidos por quem ainda não sabemos, para se fazerem passar por membros da associação de taxistas para destruir bens públicos."
Ouça as declarações de Francisco Paciente.
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Francisco Paciente conta que houve incidentes no distrito de Benfica, junto à 24ª. esquadra de polícia e às instalações do MPLA. "Pessoas estranhas vão entoando cânticos e vão criando algum vandalismo junto do comité do partido e de uma viatura do Estado, que supostamente terá sido queimada", salienta o responsável, reforçando que "o ambiente é muito tenso".
"Em alguns municípios, estão detidos alguns dirigentes, alguns taxistas, por supostamente terem aderido à paralisação", assinala Francisco Paciente.
O presidente da Associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola garante que a greve é pacífica, e que os motoristas nada têm que ver com os distúrbios. "Nenhum motorista está interessado em marchar e queimar pneus", encontrando-se uns em casa, outros perfilados na avenida, sustenta.
Francisco Paciente descreve a situação vivida em Benfica.
Segundo contou à Lusa o jornalista António Sacuvaia, pelas 06h00 eram visíveis nos bairros dos Zangos 2 e 3 e no Cacuaco, "paragens apinhadas" e filas de táxis azuis e brancos, transportes coletivos também conhecidos como "quadradinhos" e "candongueiros, nesta segunda-feira parados devido à greve convocada por três associações de taxistas.
#Luanda 10.01.2022 #Angola : Greve dos #taxistas no #Benfica pic.twitter.com/Swfz1Vj14A
Sacuvaia relatou que alguns taxistas impediram outros colegas de trabalhar e alguns "lotadores" (jovens que se encarregam de lotar o táxi e preencher todos os lugares disponíveis) foram ameaçados e forçados a partir vidros e furar pneus das viaturas para que estas não pudessem circular.
Vídeos e fotografias postas a circular nas redes sociais mostram um cenário caótico em alguns pontos da cidade, com destaque para o que se vive no distrito urbano de Benfica, mais afastado do centro da cidade, onde um grupo de jovens incendiou bandeiras do MPLA e o edifício do comité distrital do partido que governa Angola há 46 anos.
Os vídeos mostram também estradas cortadas pela população com "zungueiras" (vendedoras ambulantes") e jovens a impedir a circulação de autocarros e automóveis.
A paralisação foi convocada pela Associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola (ANATA) Associação dos Taxistas de Angola e Associação dos Taxistas de Luanda e estende-se a nove províncias do país.
Os taxistas queixam-se do excesso de zelo dos agentes policiais de que são alvo e do mau estado das estradas e exigem profissionalização da atividade e formalização do anúncio do regresso à lotação a 100% dos transportes coletivos, feito na sexta-feira passada pelo ministro de Estado e chefe da Casa Militar do Presidente da República, Francisco Furtado.
Só em Luanda, há perto de 33 mil taxistas.