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O Qatar voltou a apelar esta quarta-feira ao novo regime dos talibãs, que reconquistaram o poder em agosto, no sentido de garantirem "uma passagem segura" para as pessoas que pretendam sair ou entrar no Afeganistão.
O pedido do Qatar foi transmitido 48 horas após o fim da retirada das forças norte-americanas do país.
"Insistimos, junto dos talibãs, sobre a questão da liberdade de movimentos através de uma passagem segura para as pessoas que queiram sair ou entrar", disse o chefe da diplomacia do Qatar, Mohammed ben Abderrahamne Al-Thani que recebeu as negociações entre os representantes talibãs e os Estados Unidos, nos dois últimos anos.
As forças norte-americanas negociaram a retirada do Afeganistão em fevereiro de 2020, durante a presidência de Donald Trump.
As forças talibãs reconquistaram o poder no Afeganistão no passado dia 15 de agosto, vencendo uma guerra que se prolongava desde 2001 e proclamando o Emirado Islâmico após o chefe de Estado ter abandonado o país, no mesmo dia.
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Por outro lado, a missão diplomática da Holanda em Cabul vai ser transferida para o Qatar, disse esta quarta-feira em Doha a ministra holandesa dos Negócios Estrangeiros, Sigrid Kaag.
A chefe da diplomacia da Holanda disse esta quarta-feira em conferência de imprensa que já transmitiu o pedido ao homólogo do Emirado do Qatar.
Várias embaixadas já tomaram a mesma opção, nomeadamente os Estados Unidos, por considerarem que não existem condições de segurança para o pessoal diplomático em Cabul.
Os talibãs assinalaram na terça-feira a vitória militar, após a partida, na noite anterior, dos últimos militares dos Estados Unidos.
Washington invadiu o país na sequência dos atentados da Al-Qaeda contra Nova Iorque, em 2001 tendo os Estados Unidos sido apoiados pelas forças da Aliança Atlântica, incluindo portuguesas.????
A retirada apressada de militares, pessoal diplomático e civis afegãos, após o dia 15 de agosto, provocou grande inquietação entre os países ocidentais.
Na semana passada um atentado do grupo extremista Estado Islâmico fez cerca de 200 mortos, em Cabul.
Mesmo assim, o Presidente norte-americano, Joe Biden, afirmou na terça-feira que a operação de retirada de norte-americanos e aliados do Afeganistão foi um "sucesso extraordinário", por ter acabado com uma guerra que durava há 20 anos.
"Nenhum país jamais alcançou algo parecido na história. O extraordinário sucesso desta missão deve-se ao incrível talento, bravura e coragem altruísta dos militares dos Estados Unidos, os nossos diplomatas e os nossos profissionais de informações", disse Joe Biden numa conferência de imprensa na Casa Branca, em Washington.
A campanha militar dos talibãs ganhou força sobretudo desde o passado mês de maio e após combates que se intensificaram sobretudo em nove províncias do norte, a cidade de Cabul foi reconquistada pelas forças que governaram o país entre 1996 e 2001.
De acordo com os dados publicados a 18 de agosto de 2021, os talibãs controlam as 34 províncias do país, excetuando bolsas de resistência de grupos liderados por Ahmad Massoud, na província montanhosa de Panjshir, no leste do país.
De acordo com notícias publicadas na imprensa indiana na terça-feira os talibãs intensificaram os combates em Gulbahar, província de Panjshir.