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Passados quase 50 anos após a indígena norte-americana Sacheen Littlefeather ter subido ao palco dos Óscares para recusar o prémio em nome de Marlon Brando, a Academia pede desculpa pela forma como foi tratada na altura. O Museu da Academia também convidou Sacheen para falar, no dia 17 de setembro, na Galeria de História da Academia dos Óscares.
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Num comunicado divulgado a 18 de junho pelo presidente da Academia de Artes Cinematográficas e de Ciências, David Rubin, admite-se que a coragem de Littlefeather não foi "reconhecida" durante anos.
"Oferecemos as nossas profundas desculpas e a nossa sincera admiração (pelo ato de Sacheen em 1973)", pode ler-se.
Em 1973, Marlon Brando ganhou o Óscar de Melhor Ator pela sua personagem no filme "O Padrinho", pedindo à atriz e ativista que subisse ao palco por ele. Em palco, Sacheen Littlefeather recusou o prémio com uma mão enquanto na outra segurava uma carta escrita por Brando, onde apresentava os motivos por ter recusado o Óscar.
Em apenas um minuto, Littlefeather explica que o ator rejeitou a estatueta como forma de protesto contra o tratamento e estereótipo que a industria cinematográfica fazia dos indigenas americanos. Enquanto falava, a atriz e ativista era assobiada pela audiência.
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"Hoje, quase 50 anos depois, e com a orientação da Aliança Indígena da Academia, somos firmes no nosso compromisso em garantir que as vozes indígenas - os contadores de histórias originais - sejam contribuintes visíveis e respeitados para a comunidade global cinematográfica. Estamos dedicados a promover uma indústria mais inclusiva e respeitosa que alavanque um equilíbrio entre arte e ativismo para ser uma força motriz para o progresso", lê-se no comunicado da Academia.
Sacheen Littlefeather, com agora 75 anos, já reagiu ao comunicado feito pela Academia de Artes Cinematográficas e de Ciências. "Em relação ao pedido de desculpas da academia feito a mim, nós índios somos pessoas muito pacientes - só passaram 50 anos! Precisamos de manter o nosso sentido de humor sobre isto [situação indígena na América] durante este tempo todo. É o nosso método para sobreviver."
Littlefeather vai discursar, no dia 17 de setembro, na Galeria de História da Academia dos Óscares. O presidente do Museu da Academia afirma que a instituição se sente honrada por Sacheen ter "escolhido tão generosamente envolver-se com o museu e a Academia para refletir sobre a experiência difícil nos Óscares". Jacqueline Steward espera que o evento "ofereça a Sacheen e ao público um momento de cura coletiva e um novo caminho".