Fundo negro, letras brancas, escrita em russo. O cartaz é gigante. Onde antes estava publicidade a telemóveis topo de gama, está agora uma mensagem que não é de boas vindas.
Termina com um apelo: "vão para casa." Se os russos chegassem aos arredores de Lviv, talvez, de dentro de um blindado, não fossem capazes de ler o recado que os ucranianos tem para dar.
Mas há mais mensagens que não circulam apenas nas redes sociais, estão também espalhadas pelas principais cidades ucranianas. "Soldados russos, não matem pelo Putin. Vão para casa". Ou, numa versão menos simpática, "Soldados russos, Não estávamos à vossa espera. Não vos receberemos com flores, mas com balas. Voltem para as vossas famílias."
Basta, para os ucranianos, que um soldado russo leia a mensagem e fique a pensar nela, e já terá valido a pena o esforço.
Por todo o país, milhares de placas com o nome das ruas foram retiradas do lugar. Tal como as que indicam as direções nas estradas e autoestradas. As que não foram arrancadas estão tapadas com plástico preto. A ideia, antiga, é confundir as tropas inimigas, não deixando indicações visíveis da direção dos locais.
Em 2022, talvez esconder as direções e apagar o nome das ruas não seja uma boa tática. Há GPS, mapas na internet e formas de navegar sem placas. Mas, em tempo de guerra, todos os meios servem para iludir, atrasar ou confundir o inimigo.
Talvez os cartazes não sirvam para nada, talvez as placas que identificam ruas e cidades não desorientem o inimigo, parece que estas técnicas estão obsoletas num mundo digital. Ainda assim, continua a ser uma forma de resistência. Talvez sejam apenas símbolos, talvez tenham mais utilidade para os ucranianos sentirem que estão a fazer tudo o que podem e sabem.
Esta terça-feira, Zelensky lembrou ao mundo que o ocidente deixou à Ucrânia sozinha, que os políticos como ele "não cumpriram as promessas". Na sede da procuradoria da Republica, em Lviv, e noutros edifícios públicos, há anos que está hasteada a bandeira da União Europeia. Desde que os primeiros acordos de cooperação entre a Ucrânia e a UE foram assinados.
Hoje, em Lviv, a bandeira da União resiste, mas os ucranianos estão sozinhos.
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