Reportagem TSF. "Estamos prontos para defender as cidades"
Reportagem TSF na Ucrânia

Reportagem TSF. "Estamos prontos para defender as cidades"

Lviv, Ucrânia. Pela primeira vez em cinco dias, as sirenes não tocaram durante a noite em Lviv. A cidade adorou coberta por uma camada de neve que deixa cada rua a parecer um postal turístico. Apesar de ser segunda-feira, o movimento é semelhante ao de um domingo. Menos pessoas na rua, menos carros, lojas fechadas. Restaurantes, cafés e supermercados continuam abertos.

Numa rua estreita perto do centro, três barracas vendem uniformes militares completos, luvas, gorros, casacos do e exército e da polícia. E botas da tropa. O preço é de saldo. Os vendedores não querem ganhar dinheiro com a guerra, apenas cobram o custo de cada peça. Há um homem corpulento que domina as compras. Já tem as calças vestidas e experimenta o casaco da farda, com os pés na lama da manhã. A vendedora segura um espelho, no meio da rua. Há uma certa vaidade, brio, como dizem os militares, e mesmo que não vá combater, o homem que nunca quis dizer o nome, está aprovado. Diz, apenas, que está pronto para o combate. A farda já está completa.

No fim da mesma rua fica o quartel do exército ucraniano. Dezenas e dezenas de homens, de todas as idades, profissões e proveniências fazem fila. Vão alistar-se. A afluência tem sido de tal forma, que os militares já organizaram a de ação aos voluntários. Ainda na rua, um sargento de voz firme mas não agressiva, explica com zelo militar que devem formar diversas filas: os que já combateram noutras guerras, os que já foram militares, ou os especialistas em tecnologia. Nesta altura, os últimos são os mais requisitados.

O major Tallas, explica que "o exército não precisa de mais efetivos". "Só podemos aceitar as pessoas que conseguimos armar e equipar". Mas há outras formas de contribuir. Foi criada uma força de "defesa civil", composta por antigos militares, reservistas e civis com treino. O comandante do posto de recrutamento afirma que quem se alista não precisa de treino. "No nosso país, todos tem treino militar, não precisamos de dar nenhuma formação". Na verdade, o processo não é bem assim. Mas conta a intenção. De quem recebe os voluntários e, sobretudo, de quem se voluntaria. Os homens na fila não revelam medo. Tomaram a decisão de combater, seja como for. Estão disponíveis.

Lviv foi, até agora, poupada da guerra. Mas na cidade o ambiente é de tensão e expectativa. Até porque está é uma cidade de cultura, boémia e arte. E os habitantes são da lado ocidental do país, os que mais próximo estão da União Europeia, da Nato e do ocidente. Ou, dito de outra forma, os que estão mais longe da Rússia, do regime soviético e de Putin.

A calma do major Tallas impressiona. Fala devagar. Não diz muitas palavras mas é bastante claro nas que escolhe. Lviv tem estado a salvo. Mas estamos prontos para defender as cidades".

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