Repressão policial reacende debate sobre uso do véu islâmico nas escolas indianas

Um grupo de mulheres foi atacado por polícias que proibiram o uso do "hijab" em vários estabelecimentos no sul da Índia.

Um vídeo em que vários policias indianos aparecem a espancar mulheres, que defendiam o uso do 'hijab', reacendeu na quarta-feira a polémica sobre o uso do véu islâmico nas escolas, proibido em vários estabelecimentos no sul da Índia.

As imagens, divulgadas nas redes sociais e transmitidas pelo canal de televisão NDTV, mostram um grupo de mulheres, que utilizavam o 'hijab', a serem atacadas por um grupo de policias com 'lathis', bastões alongados de bambu ou plástico utilizados no subcontinente indiano.

O incidente, que ocorreu no domingo na cidade de Ghaziabad, perto de Nova Deli, gerou críticas e obrigou as autoridades a justificarem a ação.

"Em 13 de fevereiro, o inspetor responsável recebeu informações sobre uma manifestação em Shani Bazar. A equipe chegou à zona e encontrou as mulheres a protestarem na rua. Quando os polícias pediram a autorização aos manifestantes [para o protesto], estes não mostraram e espancaram as autoridades presentes", referiu a polícia de Ghaziabad em comunicado.

As forças de segurança afirmaram que a ação policial "não teve nada a ver com o objeto do protesto", mas com a "ofensa" das manifestantes.

A controvérsia remonta a 28 de dezembro, quando uma escola secundária em Karnataka proibiu várias raparigas de usarem a roupa tradicional muçulmana, argumentando que não lhes era permitido exibir símbolos religiosos nas salas de aula.

Perante as exigências das raparigas para entrarem na escola, outros estudantes apareceram com lenços de açafrão para mostrar o seu desacordo com as colegas e o seu apoio à proibição, uma controvérsia que tem vindo a crescer desde então, com cada vez mais escolas a aderirem à proibição do hijab.

A Human Rights Watch (HRW) tem denunciado persistentemente a "discriminação sistemática" através de leis e outras ações contra minorias na Índia, especialmente muçulmanas.

O caso chegou ao Tribunal Superior de Karnataka, que na sexta-feira restringiu provisoriamente o uso do 'hijab' e outras roupas religiosas nas salas de aula, enquanto alguns estabelecimentos encerraram temporariamente as suas portas para tentarem serenar os ânimos.

As escolas primárias reabriram na segunda-feira e a NDTV relatou vários casos em que estudantes vestidos com 'hijab' não foram autorizados a entrar.

Embora a Índia seja um país laico, as tensões entre a maioria hindu, religião de 79,8% da população segundo o último censo, de 2011, e os muçulmanos (14,2%), são constantes, principalmente nas regiões governadas pelo partido nacionalista hindu, o BJP.

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