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Foram precisos 271 dias de negociações. Finalmente, o novo governo holandês, formado por uma geringonça de quatro partidos, assume esta segunda-feira o poder.
A coligação liderada pelo liberal Mark Rutte tem pela frente a transformação energética do país, numa altura em que as metas de redução das emissões de carbono estão ainda longe de ser alcançadas.
Se chegar ao terceiro trimestre, Rutte será o primeiro-ministro mais experiente na mesa do Conselho Europeu. Até lá, o título ainda pertence ao húngaro Viktor Orban, com quem tem travado as mais duras batalhas europeias, especialmente no que respeita à distribuição de verbas.
Ouça a reportagem da TSF sobre o novo executivo holandês.
Inquéritos
No quarto mandato como primeiro-ministro, Mark Rutte não vai ter a vida facilitada, com três inquéritos parlamentares já agendados.
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O primeiro sobre a gestão da pandemia, o outro sobre os problemas ligados à extração e ao esquema de compensações em torno dos campos de gás de Groningen.
O terceiro sobre a acusação de fraudes infundadas a milhares de famílias, maioritariamente de imigrantes, obrigadas a devolver abonos infantis. Um escândalo com dimensões nacionais que há um ano conduziu à queda do governo.
Alguns analistas não dão como certo que a coligação de Centristas, Liberais, (democratas cristãos) e a União Cristã liderados por Mark Rutte resista à prova de fogo parlamentar.
Transição
Rutte terá como ministro do Clima e da Energia o centrista Rob Jetten, a quem cabe a preparação do país para as metas europeias em matéria de emissões de carbono. Os especialistas dizem que sem medidas profundas, nem metade do objetivo será alcançado.
Está na calha a construção de duas novas centrais de energia atómica para juntar à velha Central nuclear de Borssele. Estão também previstos diferentes impostos dirigidos às emissões poluentes.
Verbas
O governo holandês tem um perfil habitualmente marcado pela austeridade, mas dedica uma parcela extra de oito mil milhões de euros anuais para a transição energética, que vai crescer ainda mais no final do mandato, aproximando-se dos 30 mil milhões de euros em 2025,
Maioritariamente são suportados por empréstimos, empurrando a dívida pública holandesa para valores próximos dos 60% do PIB.
Num momento crítico a nível internacional, uma parcela do orçamento será dedicada ao combate à pirataria online e à contraespionagem.
Paridade
De acordo com a lista divulgada, o novo governo holandês deverá ser composto por um número recorde de mulheres. Entre ministérios e secretarias de Estado haverá 14 mulheres de um total de 29 governantes.
Se forem apenas contabilizados os cargos ministeriais, haverá dez mulheres, num total de 20.
O ex-ministro das Finanças e líder de centro-direita Wopke Hoekstra, conhecido nos países do Sul da Europa pela sua atitude "repugnante" (como classificou o primeiro-ministro António Costa) em matéria de despesa, será ministro dos Negócios Estrangeiros.