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Os líderes europeus comprometeram-se, esta quinta-feira, a "apoiar firme e plenamente a Ucrânia", incluindo através de "apoio económico e financeiro", mas, também, "apoio militar", pelo "tempo que for necessário". Os líderes admitem o envio de mísseis, se "for solicitado".
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Os 27 saudaram o acordo alcançado a nível ministerial "no sentido de fornecer urgentemente à Ucrânia munições terra-terra e de artilharia e, se tal for solicitado, mísseis".
O acordo prevê a aquisição conjunta e "mobilização de financiamento, nomeadamente através do Mecanismo Europeu para a Paz, com o objetivo de fornecer um milhão de munições de artilharia, num esforço conjunto nos próximos doze meses".
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A falar a partir da Ucrânia, ligado por videoconferência durante a deslocação de comboio de regresso a Kiev, depois de uma deslocação à linha da frente, o Presidente Ucraniano, Volodymyr Zelensky, destacou a possibilidade de a guerra ser "prolongada", solicitando o envio de mísseis de longo alcance e aviões de combate.
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De acordo com fontes europeias, Zelensky agradeceu o apoio militar que já chegou à Ucrânia, desde o início da guerra. O presidente ucraniano apelou ao agravamento das sanções.
António Guterres afirmou esta tarde em Bruxelas que o mundo enfrenta "uma tempestade perfeita", perante a "combinação de múltiplos fatores", que conduziram "a uma situação dramática".
Em "muitos países em desenvolvimento" regista-se mesmo o retrocesso nos padrões do Desenvolvimento Sustentável.
"Mais fome, mais pobreza, menos educação, menos serviços de saúde em tantas partes do mundo. E é evidente que o nosso sistema financeiro internacional não tem por objetivo enfrentar um desafio tão grande. E contamos muito com a União Europeia para liderar as transformações necessárias a fim de podermos voltar ao bom caminho a agenda de 2030", defendeu Guterres.
No debate com os líderes europeus, António Guterres levou uma mensagem a propósito do impacto das sanções sobre a exportação de fertilizantes.
A possibilidade de haver uma adaptação das sanções, para permitir a exportação de fertilizantes, foi uma ideia defendida por António Costa. A ideia é defendida por grande parte dos membros do Conselho Europeu.
Mas, há um grupo liderado pela Polónia e pelos países do Báltico que consideram que o alívio das medidas seria um erro que demonstraria fraqueza, quebrante quem só compreende a força.
A primeira-ministra da Eslovénia, Kaja Kallas considera que o alívio das sanções aos fertilizantes é uma estratégia errada. Kallas afirma que o argumento da sustentabilidade mundial satisfaz a narrativa do Kremlin e contesta a argumentação apresentada em Bruxelas por António Guterres.
"Não há limites para a exportação de Fertilizantes dos portos russos", afirma Kaja Kallas, salientando que "eles podem utilizar 18 portos". Além disso, dispões de "300 bancos, e apenas 13 estão sancionados".
"É uma narrativa russa para obter algo que vai enfraquecer as sanções", critica, considerando "que é uma medida muito errada, porque o agressor apenas ouve e compreende a força [e] se enfraquecermos as sanções, vamos atrás da sua narrativa e não devemos fazer isso".
O presidente da Lituânia, Gitanas Nausedas afirma não há motivos para o alívio de sanções que, antes de mais, cumprem um propósito.
"Estas sanções foram impostas para que, a partir de agora, os dois regimes sintam certas consequências para os seus atos e, sobretudo, para a guerra na Ucrânia", lembrou.
"Claro que, no caso da Bielorrússia, estamos também a falar de outras coisas", assinalou, lembrando os casos do "abate de um avião e das migrações ilegais".
"E, digam-me, por favor, o que aconteceu que é positivo para que as sanções possam ser atenuadas? Nada!", vincou Nausedas.
O primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, admite mesmo um agravamento das sanções, incluindo a exportação de fertilizantes.
"Destacamos o papel muito infeliz da Bielorrússia na guerra na Ucrânia. Além disso, é claro que levantamos o facto de o regime de Lukashenko ter encarcerado mais de mil prisioneiros políticos, incluindo muitos polacos ativos na Bielorrússia", afirmou Morawiecki, deixando um aviso.
"Se isto continuar, reforçaremos as nossas sanções contra a Bielorrússia, e impediremos a exportação de quaisquer produtos da Bielorrússia", sublinhou.
Questionada pela TSF sobre a expectativa sobre o contributo de António Guterres na discussão sobre as sanções europeias, a primeira-ministra finlandesa, Sanna Marin afirmou que Bruxelas não pode mostrar fraqueza perante as ações de Minsk e Moscovo.
"Precisamos de fazer mais esforços para ajudar a Ucrânia e penso que é muito importante discutir este assunto com o secretário-geral Guterres porque precisamos do apoio internacional", destacou, vincando que "a guerra na Ucrânia não diz respeito apenas à Ucrânia, na verdade diz respeito a toda a ordem internacional baseada em regras".
"Se não enviarmos um sinal claro, uma mensagem clara de que estas ações da Rússia são inaceitáveis, então também perderemos a ordem internacional baseada em regras", enfatizou Sanna Marin, juntando-se aos críticos do alívio das sanções aos fertilizantes da Rússia e da Bielorrússia.