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A Agência Europeia do Medicamento (EMA) declarou, esta quinta-feira, que a vacina da AstraZeneca contra a Covid-19 é "segura e eficaz".
"O nosso comité de especialistas acabou de chegar a uma conclusão em relação às pessoas vacinadas com a vacina da AstraZeneca. Trata-se de uma vacina segura. Os benefícios associados compensam os riscos. A vacina não está associada a um aumento dos riscos de tromboses. A vacina é segura, eficaz e credível", explicou a responsável pela Agência Europeia do Medicamento.
Contudo, os responsáveis da EMA não descartam definitivamente a ligação entre os casos de coágulos no sangue e a vacina.
"Ainda não podemos descartar definitivamente a ligação entre estes casos [de coágulos] e a vacina", sublinhou Emer Cooke, diretora executiva da Agência.
A Direção-Geral da Saúde (DGS) e o Infarmed anunciaram, na segunda-feira, a suspensão do uso da vacina produzida em Portugal "por precaução", na sequência de decisões idênticas por parte de mais de duas dezenas de países, incluindo Espanha, Itália, Alemanha e França.
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A decisão surgiu depois de relatos de casos graves de coágulos sanguíneos em pessoas que foram vacinadas com doses do fármaco da AstraZeneca.
Por seu lado, a empresa já veio dizer não existir motivo para preocupação com a vacina e garantiu que houve menos casos de trombose relatados nas pessoas que receberam a injeção do que na população em geral.
O regulador europeu do medicamento esteve, nos últimos dias, a realizar novos estudos ao fármaco desenvolvido pela farmacêutica anglo-sueca e pela Universidade de Oxford, para procurar a tal relação entre a administração da vacina e os casos de coagulação do sangue que têm sido detetados após a administração da mesma.
"Deve criar ainda uma confiança maior"
Miguel Prudêncio, investigador do Instituto de Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, considera que agora não há motivos para qualquer desconfiança por parte das pessoas que vão receber esta vacina.
"Este processo, que decorreu agora em específico para a vacina da AstraZeneca, deve criar ainda uma confiança maior porque esta vacina acabou de ser sujeita a um escrutínio adicional e a uma análise cujas conclusões foram agora comunicadas. Indicam que a vacina é segura e que os seus benefícios superam, largamente, qualquer risco que possa existir. Penso que, neste momento, é importante veicular esta mensagem por parte das autoridades, mas também por parte da comunicação social", explicou à TSF Miguel Prudêncio.
Ouça as declarações de Miguel Prudêncio
O investigador do Instituto de Medicina Molecular também sublinha que Portugal tem motivos para não suspender por mais tempo a vacina, lembrando que os números falam por si.
"Estamos a falar de cerca de 25 eventos em cerca de 20 milhões de pessoas vacinadas. Portanto, se fizermos as contas, estamos a falar de 0,0001% destes casos mais graves e volto a dizer: não ficou demonstrada a sua relação com a vacina e os dados não permitem tirar uma conclusão definitiva sobre esse assunto. Não o excluem, mas não demonstram que essa relação exista. Não me compete dizer o que as autoridades de saúde portuguesas vão decidir, mas creio que, perante esta conclusão da análise da Agência Europeia do Medicamento, é natural que esta suspensão termine", acrescentou o investigador.
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