Situação é "muito perigosa". Líbano cumpre um dia de luto pelas vítimas de tiroteio

Ataque em Beirute fez seis mortos e mais de 30 feridos. O eurodeputado Pedro Marques esteve no país há cerca de um mês e fala à TSF numa situação que pode ser "um rastilho" para mais violência.

O Líbano cumpre esta sexta-feira um dia de luto pelas vítimas do tiroteio que, na quinta-feira, matou seis pessoas e feriu mais de 30. O ataque aconteceu na capital, Beirute, quando centenas de pessoas se concentraram para protestar contra o juiz que está a investigar a explosão no porto da cidade, que ocorreu no ano passado e matou mais de 200 pessoas.

O protesto convocado pelos movimentos xiitas, Hezbollah e Amal, acabou com uma violência que fez lembrar os anos da guerra civil no Líbano.

Os libaneses descreveram o cenário junto ao Palácio da Justiça, em Beirute, como "uma zona de guerra". Atiradores furtivos, homens armados - alguns com metralhadoras - trocaram tiros durante várias horas. Os tanques e militares do Exército foram rapidamente chamados para patrulhar as ruas.

"Estamos concentrados cada vez mais em manter a paz e tomar todas as medidas para controlar a situação", disse o ministro do Interior, Bassam Mawlawi, apelando à calma.

Entre os seis mortos, há uma mulher de 24 anos, que foi atingida na cabeça, na própria casa. Numa escola, as crianças deitaram-se debaixo das mesas, com as mãos a protegerem as cabeças. O ativista político Samer Makarem contou que muitos libaneses reviveram os anos de guerra civil no país.

"Havia indícios de que a situação poderia ficar descontrolada. As coisas agravaram-se muito depressa. As pessoas tiveram de esconder-se nos corredores e muitas tiveram memórias de várias gerações de libaneses que enfrentaram o mesmo tipo de violência", explicou.

O presidente e primeiro-ministro libaneses condenaram o regresso à linguagem das armas e a tentativa de mergulhar o país num novo ciclo de violência. Os movimentos xiitas Hezbollah e Amal contestaram a investigação que está a ser feita à explosão no porto de Beirute que, no ano passado, matou 214 pessoas.

O juiz emitiu, esta semana, um mandado de prisão para o antigo ministro das Finanças, que faz parte do Amal e é próximo do Hezbollah.

O governo libanês está dividido. Os ministros xiitas pediram a substituição do juiz, mas o pedido foi recusado pelos outros ministros do Executivo.

Situação "é muito perigosa" e pode ser "um rastilho" para mais violência

O eurodeputado socialista Pedro Marques esteve no Líbano há cerca de um mês e relembrou, em declarações à TSF, que a situação que encontrou no terreno "foi de uma sociedade à beira da explosão ou da rutura".

Pedro Marques sublinhou que esta é uma situação muito perigosa que pode ser um rastilho para mais violência. "A população não se revê minimamente na classe política dominante e considera que há níveis de corrupção demasiados elevados na classe política e, portanto, de facto, pode ser mesmo um rastilho, infelizmente", referiu.

"O regime não dá sinais de mudança, aqueles que estão no poder novamente são outra vez aqueles que estão envolvidos nestes escândalos financeiros e são os mesmos políticos. A situação é muito perigosa, infelizmente poderão vir coisas más do Líbano a muito curto prazo", considerou.

O eurodeputado lembrou ainda que há eleições marcadas para o próximo ano no Líbano, mas tem dúvidas de que o país aguente até lá, "porque há falta de eletricidade, de combustível, de água potável, de alimentos com qualidade".

"O Governo que está em funções há pouco tempo tem pelo menos que criar as condições mínimas para que o país consiga chegar até às eleições, que se espera que sejam livres e democráticas", afirmou.

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