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Quatro anos depois do início dos ataques de fundamentalistas islâmicos, a situação no norte de Moçambique é agora mais tranquila. Há poucos meses os insurgentes chegaram a reclamar o controlo da vila de Palma. No entanto, a ação das tropas ruandesas fez recuar os fundamentalistas e já há mesmo quem pense no regresso dos deslocados.
João Feijó, investigador do Observatório do Meio Rural, conta à TSF que "a situação é hoje claramente melhor do que era há dois ou três meses atrás, até porque o próprio relacionamento entre as forças de defesa e segurança e a população é hoje muito melhor do que era antes, em que era marcada pela desconfiança, pela violência, pela arbitrariedade e oportunismo".
Apesar de a vila de Mocímboa da Praia e importantes infraestruturas económicas estarem "hoje sob o controlo governamental, ainda precário e inseguro", João Feijó diz que "as populações hoje em dia começam a ponderar a possibilidade, sobretudo nas zonas em que antigamente eram instáveis, de ir para as suas zonas produtivas".
Ouça aqui, na íntegra, a entrevista do jornalista Rui Polónio com João Feijó
O investigador lembra que ainda há muito para fazer, nomeadamente para evitar que situações semelhantes se repitam no futuro. João Feijó pede, por isso, que o governo de Maputo invista no apoio à população de Cabo Delgado.
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"É preciso consolidar a ocupação do território, garantir a estabilização e depois assegurar possibilidades de acesso à justiça, de participação social e de envolvimento das populações locais no sentido de poderem também ter canais para resolverem os seus problemas e não verem a violência como o único espaço possível de participação", considera.
João Feijó acrescenta que "há um grande caminho a percorrer pelo meio que implica geração de empregos para as pessoas locais e uma mudança do paradigma de desenvolvimento económico".