Svetlana Tikhanovskaya considera julgamentos de opositores bielorrussos uma "farsa"

Para a líder da oposição bielorrussa, que se encontra exilada na Lituânia, os processos contra os opositores do regime são "uma vingança pessoal" de Lukashenko e dos seus parceiros.

A líder da oposição bielorrussa, Svetlana Tikhanovskaia, classificou esta terça-feira como uma "farsa" e uma "vingança" do Presidente Alexander Lukashenko o seu julgamento, que começa esta terça-feira na Bielorrússia, na sua ausência.

"Estes julgamentos não são julgamentos. É um espetáculo, é uma farsa, não tem nada a ver com justiça", denunciou a opositora que se encontra exilada na Lituânia, mas que esteve de visita a Davos, na Suíça, onde concedeu uma entrevista à agência France-Presse (AFP).

Para Svetlana Tikhanovskaia, estes processos contra os opositores do regime são "uma vingança pessoal" de Lukashenko e dos seus parceiros.

Perante "uma dúzia de acusações", incluindo alta traição e conspiração para conquistar o poder, a política referiu que contactou o seu advogado indicado pelo tribunal, mas que este nunca respondeu.

"Eu nem sei o que meu alegado advogado fará amanhã naquele tribunal, como é que me vai defender. Não sei quanto tempo vai durar este julgamento, quantos dias, mas tenho certeza que me vão condenar a muitos, muitos anos de prisão", realçou.

A opositora bielorrussa destacou ainda que os exercícios conjuntos da Força Aérea organizados hoje entre a Rússia e a Bielorrússia são 'bluff' por parte de Lukashenko, que permitiu que a Rússia utilizasse o seu território para organizar ataques contra a Ucrânia.

"É um espetáculo para o povo da Bielorrússia, para ameaçá-lo, dizendo: olhem para o Exército russo, então fiquem calmos, não se oponham a nada", salientou.

O principal objetivo, segundo Tikhanovskaia, é também "desviar a atenção dos soldados ucranianos dos pontos quentes no leste [da Ucrânia] em direção à fronteira da Bielorrússia" no norte.

Lukashenko, no poder desde 1994, renovou o mandato presidencial nas eleições de 09 de agosto de 2020, cujos resultados não foram reconhecidos pela oposição interna, e pelos países ocidentais, após diversas denúncias de fraude eleitoral.

Tikhanovskaya reclamou a vitória sobre Lukashenko nessas eleições presidenciais e viu-se obrigada a fugir para a vizinha Lituânia, em pleno período de repressão às massivas manifestações de protesto após a divulgação dos resultados oficias.

Svetlana Tikhanovskaya destacou hoje que é a primeira pessoa do seu país a participar no Fórum Económico Mundial em Davos desde 1992, dois anos antes de Lukashenko assumir o poder.

"É uma grande honra para nós porque durante mais de 30 anos a Bielorrússia foi como um buraco negro no mapa da Europa: fomos considerados um apêndice da Rússia", referiu.

Após as disputadas eleições presidenciais de 2020, o regime bielorrusso reprimiu os protestos históricos da oposição com prisões em massa, exílios forçados e prisões de ativistas e jornalistas.

De acordo com o centro bielorrusso de direitos humanos Viasna, este país tem atualmente mais de 1.400 presos políticos.

O marido de Svetlana Tikhanovskaya, Sergei Tikhanovski, foi detido antes da eleição presidencial de 2020, levando a sua esposa a concorrer ao cargo. O político foi condenado em dezembro de 2021 a 18 anos de prisão.

Também hoje começou o julgamento à porta fechada do jornalista Andrzej Poczobut, uma figura da minoria polaca na Bielorrússia, que enfrenta uma pena de prisão de 12 anos.

No início deste mês, a Bielorrússia começou a julgar Ales Bialiatski, um ativista democrático bielorrusso e co-vencedor do Prémio Nobel da Paz de 2022, fundador do Viasna Center. Bialiatski, que está preso, arrisca com seus colaboradores até 12 anos de prisão.

Recomendadas

Outros Conteúdos GMG

Patrocinado

Apoio de