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Foram horas de incerteza esta tarde em Bissau. O Presidente da República da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, garante que "a situação está sob controlo" depois de uma "tentativa de golpe de Estado". O chefe de Estado, em declarações à AFP, assegura que "está tudo bem".
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Umaro Sissoco Embaló, agradeceu às forças de defesa e segurança do país por terem impedido um golpe de Estado, que constituiu um "atentado à democracia".
"As forças de defesa e segurança conseguiram impedir este atentado à democracia", afirmou Umaro Sissoco Embaló.

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Tiros de bazuca e rajadas de metralhadora foram ouvidos esta terça-feira junto ao Palácio do Governo da Guiné-Bissau, onde decorria um Conselho de Ministros, com a presença do Presidente da República e do primeiro-ministro guineenses. Em redor da zona, militares colocaram um perímetro de segurança e não deixam passar civis.
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Num perímetro de cerca de 500 metros à volta do edifício, os militares colocaram barreiras para impedir o acesso da população à zona, onde também não circulam carros.
Segundo testemunhas contactadas pela Lusa, também perto do Palácio da Justiça está uma brigada de intervenção e vários militares e elementos das forças de segurança, um sinal de golpe de Estado em curso.
Também houve movimentações no Palácio Presidencial
Homens armados impediram desde a hora de almoço o acesso à zona do Palácio em Bissau.
A cidade está com muito menos gente do que o habitual e é visível apenas aparato de segurança em redor do Palácio Presidencial, na Praça do Império, e junto ao Palácio do Governo, onde decorria um Conselho de Ministros que terá sido interrompido por um assalto militar, segundo fontes ouvidas pela Lusa.

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A maior parte das lojas da capital guineense estão encerradas e circulam poucos carros. Tiros esporádicos ouciram-se durante a tarde, mas os restantes ministérios do centro da cidade (Finanças e Justiça) não têm perímetro de segurança nem militares em redor.
Há pelo menos quatro feridos
Pelo menos quatro pessoas ficaram feridas na sequência da tentativa de golpe de Estado na Guiné-Bissau, no palácio do Governo, disse à Lusa fonte do Hospital Simão Mendes, em Bissau.
De acordo com a mesma fonte, todos os feridos foram transportados do Palácio do Governo para aquele hospital, sendo que três são ligeiros e um está em estado grave.
Chefe de Estado da Guiné-Bissau está no Palácio Presidencial
O Presidente da Guiné-Bissau, alvo de uma tentativa de golpe de Estado, está no Palácio Presidencial e estava previsto que falasse ao país às 19h00 locais (mesma hora em Lisboa), disseram à Lusa fontes militares.
Segundo as mesmas fontes, o chefe de Estado foi retirado do Palácio do Governo, onde decorreu a ação militar, mas já foi levado para o Palácio Presidencial, onde previa falar às 19h00, tendo sido convocada a imprensa.
Ministros libertados. Primeiro-ministro em parte incerta
Militares entraram cerca das 17h20 no palácio governamental guineense, em Bissau, e ordenaram a saída dos governantes que estavam no edifício, mas o paradeiro do chefe de Governo é desconhecido.
Segundo fonte governamental, "cerca das 17h20 [hora local e em Lisboa], os militares chegaram ao Palácio do Governo e disseram aos membros do Governo para saírem" e o local ficou apenas com militares, acrescentou a mesma fonte, indicando desconhecer o paradeiro do primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam.

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Quando começou o ataque, no decurso do Conselho de Ministros, alguns membros do Governo conseguiram fugir por um muro de vedação nas traseiras do palácio e confirmaram à Lusa que estão em segurança.
Guterres pede fim da violência em Bissau
O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, apelou esta terça-feira ao "fim imediato" dos "combates violentos" em Bissau e ao "pleno respeito pelas instituições democráticas do país".

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Num comunicado distribuído pelo seu porta-voz, Guterres disse estar "profundamente preocupado com a notícia de combates violentos em Bissau", onde decorria uma tentativa de golpe de Estado, com o palácio do Governo e do Presidente da República cercados por homens armados.
Na mensagem, o antigo primeiro-ministro português pedia também "o fim imediato dos combates e o pleno respeito pelas instituições democráticas do país".
Embaixada pede aos portugueses que fiquem em casa
A Embaixada de Portugal em Bissau recomendou esta terça-feira aos portugueses na Guiné-Bissau que ficassem em casa, tendo em conta o assalto militar ao Palácio do Governo e ao golpe de Estado em curso.
Num comunicado publicado nas redes sociais, a representação portuguesa "recomenda a todos os cidadãos portugueses residentes na Guiné-Bissau que, em virtude dos recentes acontecimentos, permaneçam em casa e aguardem novas informações".

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Na mensagem, a instituição, que tem como embaixador José Rui Velez Caroço, avisa os cidadãos nacionais para que contactem a embaixada, "em caso de emergência", pelos seguintes números: +245 966990029 e +245 956802828.
Augusto Santos Silva condena os atos de violência
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, condenou hoje as "movimentações armadas" que decorrem em Bissau e salientou que não há notícia de qualquer problema entre os portugueses no país.
"Há movimentações armadas em Bissau que se dirigem contra as autoridades legítimas da Guiné-Bissau, o Presidente e o Governo, e Portugal condena qualquer tentativa de, pela violência, impedir o normal funcionamento dos órgãos de soberania da Guiné-Bissau, nos termos da Constituição", disse Santos Silva em declarações à Lusa.

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O governante mostrou "grande preocupação com o que se está a passar", mas disse que entre os portugueses na capital guineense não há registo de qualquer problema e acrescentou que o avião que saiu de Bissau esta manhã descolou em segurança e sem qualquer incidente.
"O avião da TAP descolou ao final da manhã em segurança, os portugueses estão calmos e não temos notícia de qualquer nervosismo, não tenho registo de qualquer intranquilidade, para além da intranquilidade que todos sentimos quando há tiros na rua e uma ação armada", disse o ministro.
Portugal, concluiu, mostra "repúdio e condenação destas ações contra autoridades legítimas da Guiné-Bissau, e apela a que cessem de imediato, porque a violência contra o Governo e o Presidente é sempre absolutamente condenável".
Estes incidentes na capital guineense junto ao Palácio governamental decorrem dias depois de uma remodelação do executivo, decidida pelo Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, que foi contestada inicialmente pelo partido liderado pelo primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam. Posteriormente, o líder do Governo disse que concordava com a remodelação feita.
As relações entre o chefe de Estado e do executivo têm sido marcadas nos últimos meses por um clima de tensão, agravada nos últimos meses de 2021 por causa de um avião Airbus A340, que o Governo mandou reter no aeroporto de Bissau, onde aterrou vindo da Gâmbia, com autorização presidencial.
Entre os governantes afastados na remodelação está o ex-secretário de Estado da Ordem Pública guineense Alfredo Malu, que disse que a sua saída está relacionada com a sua atuação no caso do avião retido no aeroporto de Bissau.
Nas declarações aos jornalistas, o ex-secretário de Estado sublinhou que o Presidente da República considerou que foi da sua autoria a ordem de inspeção ao aparelho por parte de uma equipa de peritos norte-americanos.
O primeiro-ministro começou por dizer que o aparelho tinha entrado no país de forma ilegal e que trazia a bordo carga suspeita, mas dias depois afirmou, perante os deputados no parlamento, que uma peritagem internacional, por si solicitada, concluiu que não se tratava disso, mas sem mais detalhes.
Notícia atualizada às 20h58