Tribunal já determinou medida de coação. Vice-presidente do Parlamento Europeu em prisão preventiva

Pai da eurodeputada também é visado, depois de ter sido apanhado, em Bruxelas, com mala de notas.

A vice-presidente do parlamento Europeu, Eva Kaili, conheceu este domingo a medida de coação aplicada por suspeitas de envolvimento num esquema criminoso, alegadamente com ligações ao Catar. Detida em flagrante delito, na sexta-feira, em Bruxelas, Eva Kaili ficará a partir deste domingo em prisão preventiva, juntamente com o marido e o ex-deputado, António Panzeri.

Está acusada de "corrupção, lavagem de dinheiro e de participar numa organização criminosa", de acordo com informações avançadas pelo jornal belga Le Soir.

O pai da eurodeputada Eva Kaili também é visado na operação iniciada na sexta-feira. Alexandros Kailis foi apanhado à saída de um hotel, em Bruxelas, transportando uma mala de notas, mas foi, este domingo, libertado.

Segundo a lei belga, as detenções para determinar medidas de coação não podem ir além das 48 horas. O presidente da Confederação Internacional de Sindicatos, Luca Vincentini, foi libertado mas com medidas de coação.

Na sexta-feira, a polícia belga realizou buscas em 16 habitações em Bruxelas e na periferia da cidade, apreendeu um total de 600 mil euros em dinheiro, telemóveis e equipamento informático.

Os investigadores da Polícia Judiciária belga suspeitam há vários meses que um país do Golfo possa estar a influenciar as decisões económicas e políticas do Parlamento Europeu.

As suspeitas apontam para ações levadas a cabo pelo Catar para contactar membros "com uma posição política e/ou estratégica significativa", gratificando-os com presentes e avultadas quantias em dinheiro, para influenciarem o Parlamento Europeu nas posições sobre direitos humanos no Catar.

Eva Kaili afirmou recentemente que o Catar é um "pioneiro nos direitos dos trabalhadores". Estas afirmações foram proferidas depois de uma reunião com o ministro do Trabalho do Catar.

Como se sabe, tem havido inúmeras manifestações públicas internacionais de preocupação sobre as condições de trabalho no Catar, e, em particular, para a construção dos estádios que acolhem o mundial de futebol.

Mas, durante a crise energética, os políticos ocidentais têm procurado não hostilizar o país, que é um dos maiores produtores de gás natural liquefeito, enquanto buscam fontes de abastecimento alternativas ao gás russo.

Como eurodeputada, Eva Kaili está abrigada pela imunidade parlamentar, mas a descoberta em flagrante delito determinou imediatamente que fosse detida, e agora acusada por envolvimento num esquema de corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro, para influenciar as decisões no Parlamento Europeu. Eva Kaili encontra-se com o mandato suspenso desde sábado.

Além de Eva Kaili e do marido, ficam em prisão preventiva um assistente parlamentar e um membro de um grupo de lobby.

A polícia realizou ainda buscas, já neste domingo, em casa de um eurodeputado belga, apreendendo material informático, mas o deputado permanece em liberdade.

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