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Na reunião do G7 o presidente norte-americano anunciou que os Estados Unidos vão comprar meio milhão de vacinas para distribuir por cem países mais carenciados. Joe Biden prometeu que vai liderar o mundo para que consiga sair da pandemia.
Esta tarde na conferência de imprensa da organização mundial de saúde um jornalista perguntou se não havia o risco de essas vacinas serem desperdiçadas pela falta de capacidade desses países em organizarem uma campanha de vacinação em massa.
A pergunta tocou claramente num ponto sensível para a liderança da organização mundial de saúde. Michael Ryan, diretor executivo da OMS, mostrou alguma irritação "o nível de paternalismo dessa pergunta, a mentalidade colonialista que diz não vos uma coisa porque não vão usá-la. A sério? Em plena pandemia?"
Michael Ryan lembrou que diversos países do sul são muito melhores que os do norte a organizar vacinações em massa. Essas nações já passaram por essa experiência com as vacinas contra a febre-amarela, meningite, cólera, Ébola, pólio e sarampo.
Já o conselheiro sénior do diretor geral lembrou as dificuldades que os países desenvolvidos tiveram para organizar o plano de vacinação. Bruce Aylward ironizou dizendo que nessa altura até foi bom não ter havido muitas vacinas.
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Bruce Aylward pediu para não se falar dos problemas nas cadeias de distribuição quando nem há vacinas, "o maior problema que estes países enfrentam, e devo dizer que estou frustrado, não é a distribuição. Temos um problema de abastecimento. Este mês na Covax recebemos zero doses da vacina da Astrazeneca e zero doses da vacina da Janssen.
O diretor geral também entrou no debate e considerou que há temas que até são caricatos. Tedros explicou que lhe perguntam muitas vezes sobre a hesitação de muitos africanos em vacinarem-se. "Esse não é o problema. Se não há vacinas porque é que falamos de hesitação?"
Tedros Ghebreyesus acusou o mundo de estar a falhar, "estamos a cometer o mesmo erro que com os tratamentos do VIH, que demoraram 10 anos a chegar aos países mais pobres. Queremos repetir o mesmo? Não conseguimos aprender com os erros do passado?"
O diretor geral lembrou que só 1% da população africana foi vacinada quando há países desenvolvidos que estão já a vacinar os mais jovens que correm menores riscos.