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Os familiares das vítimas e os feridos do incêndio num edifício em Nova Iorque iniciaram na terça-feira um processo contra os proprietários, alegando violações de segurança que causaram a morte a 17 pessoas, incluindo oito crianças.
As cinco ações foram movidas pelas famílias das vítimas mortais e pelos feridos, representados por Benjamin Crump, advogado de direitos civis com sede na Florida, e pelo escritório de advogados de Nova Iorque, Weitz & Luxenberg.
"Temos muitas famílias que pagaram uma perda tão trágica no incêndio", referiu Crump numa conferência de imprensa ao lado do edifício, onde apontou que as violações das regras de segurança da cidade "causaram a perda indescritível de vidas e ferimentos às famílias, principalmente de África".
Um aquecedor elétrico com defeito deu início ao incêndio ocorrido na manhã de 09 de janeiro, revelaram os bombeiros.
Apesar do fogo ter danificado apenas uma pequena parte do edifício, produziu um fumo que rapidamente engoliu todo o complexo, de 19 andares, e que causou a morte às pessoas que tentavam fugir.
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"Estas famílias negras, perderam tanto que parecem estar a ser marginalizadas não apenas antes do trágico incêndio, mas mesmo depois", sustentou o advogado, que ganhou notoriedade como porta-voz da família de George Floyd, o afro-americano sufocado por um polícia branco em Minneapolis.

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As ações apresentadas num tribunal superior de Bronx, apontam como culpados a Bronx Park Phase III Preservation, a Bronx Phase III Housing Co. e três grupos de investimento.
Mas não especificam danos monetários, nem mencionam violações específicas de segurança.
Outro advogado das famílias, Larry Goldhirsch, revelou que estes detalhes serão identificados nas próximas semanas, incluindo molas de portas com defeito e janelas que não abriram.
Um porta-voz dos proprietários do prédio negou que estes sejam responsáveis pelo incidente.
"As queixas apresentadas hoje [terça-feira] alegam que o trágico incêndio do mês passado foi causado pela negligência dos proprietários do edifício e seus agentes. Acreditamos que os fatos mostrarão que essa alegação é falsa", referiu James Yolles.
Muitos dos residentes eram imigrantes da Gâmbia, com alguns deles a pertencerem à mesma aldeia, o que aponta para uma comunidade unida.
Alguns moradores lamentaram as condições de vida que levaram à necessidade de aquecedores em alguns apartamentos.
Os ocupantes do apartamento onde deflagrou o incêndio, com a pressa de fugirem, deixaram a porta aberta e as dobradiças de mola da porta, que devia fechar automaticamente, não funcionaram.
Uma segunda porta aberta no 15.º andar funcionou como chaminé e sugou o fumo.
Os investigadores do incêndio apontaram que ambas as portas deviam ter-se fechado automaticamente para ajudar a conter o fumo que se espalhava.
Não ficou claro se as portas falharam mecanicamente ou se foram desativadas manualmente.