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Francisco Ferreira, presidente da associação ambientalista Zero, considera que as alterações impostas pela Índia tornam o documento final da 26.ª conferência do clima das Nações Unidas (COP26) num desastre.
"Foi um final desastroso porque um dos aspetos fundamentais do acordo que estava em cima da mesa era terminar com uso do carvão sem prazo, mas claramente indicando que esse era um objetivo traçado e a Índia não aceitou. Portanto em vez de um fim previsto temos agora a ideia de reduzir o uso do carvão. Glasgow, efetivamente, acaba por saber a pouco", explicou à TSF Francisco Ferreira.
O ambientalista reconhece que houve avanços, mas foram insuficientes.

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"Este recuo final foi desastroso. As medidas adequadas no combate à crise climática exigiam uma resposta satisfatória em todas as frentes: mitigação, adaptação, financiamentos e justiça climática. O que é facto é que, com esta declaração, nenhuma delas foi cumprida inteiramente. Ficamos bem aquém de assegurar uma trajetória de que temos vindo a falar, de cumprir um aquecimento não acima de um grau e meio, e as poucas boas notícias é que ainda temos uma porta entreaberta para tentarmos reduzir as emissões até à próxima reunião. Para os ambientalistas houve avanços, mas aquém do necessário e do desejado", acrescentou o presidente da associação ambientalista Zero.
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Ouça as declarações de Francisco Ferreira à TSF
A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.
Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de Covid-19, segundo a ONU, que estima que ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.