Durante os últimos tempos este mundo não deu tréguas.
Na verdade, a matéria-prima em termos de política internacional tornou a escolha do tema para a opinião de hoje... bem difícil.
Mas se pensarmos apenas nos últimos dias tivemos várias eleições importantes. Em Portugal estamos a lidar com o rescaldo das autárquicas, mas no mundo tivemos duas em particular: a Alemanha e o Japão.
É interessante notarmos que são dois países com bastante em comum: devido à sua derrota na Segunda Guerra Mundial estão arredados daquele estatuto de Membro Permanente (e claro com direito de veto) do Conselho de Segurança das Nações Unidas e, do ponto de vista militar ou de defesa, não obedecem a uma lógica tradicional plena.
Dito de outra forma: há limites às suas capacidades militares ofensivas seja do ponto de vista dos seus arsenais, seja mesmo das suas próprias sociedades. Por exemplo, no caso japonês a discussão à volta da necessidade (ou não) de rever o artigo 9 da Constituição, ou seja, aquele artigo que expressa sem rodeios a «renúncia ao direito de fazer a guerra», tem sido nos últimos anos bastante intensa.
Mas no que toca ao poder económico quer a Alemanha quer o Japão não deixam quaisquer dúvidas. Estamos a falar de dois países que são economias com um peso mundial e como é evidente também com impacto muito relevante na União Europeia e na região da Ásia-Pacífico.
Em relação à Alemanha o domingo eleitoral foi o ponto de partida para umas negociações políticas que estão e vão ser muito intensas e com incerteza. O único ponto de análise que me parece certo e seguro é que o sucessor de Angela Merkel na liderança da CDU, o partido da Democracia-Cristã, não encantou os eleitores alemães.
Estas eleições são cruciais para os cidadãos alemães, evidentemente, mas também são para os europeus e para o futuro da própria União Europeia. Seja na perspetiva interna, seja, em especial, em relação às grandes opções externas de Bruxelas, nomeadamente, face a Washington, a Moscovo e a Beijing.
Entretanto, o Japão pôs em marcha a escolha interna daquele que é o seu partido de poder, conhecido pela sigla em inglês LDP, sendo que as eleições legislativas serão ainda este ano. O primeiro-ministro Suga passou o testemunho a Fumio Kishida.
Estamos a falar de um país, este Japão, cuja população é de cerca de 125 milhões de acordo com o World Fact Book.
Do ponto de vista externo, o que conhecemos de Kishida, que já foi ministro dos Negócios Estrangeiros, vai ao encontro do reposicionamento que está a acontecer no Indo-Pacífico. Nas suas palavras: «valores básicos como a liberdade, democracia, estado de direito e direitos humanos, iremos trabalhar com aqueles que partilham os mesmos valores, tais como os EUA, a Europa, a Índia e a Austrália, fazendo frente aos sistemas autoritários.»
É mais uma peça importante no puzzle que é esta região enorme do outro lado do mundo e que tanto influencia as nossas vidas.