"A vida de artista é feita de surpresas." Parisienses curiosos com "As Três Graças" de escultor português

A iniciativa de diplomacia bilateral Portugal-França, decorrerá entre fevereiro e outubro de 2022 e visa aprofundar o relacionamento cultural entre os dois países. O jornalista Fernando Alves entrevistou Pedro Cabrita Reis, antes da inauguração oficial da exposição "As Três Graças" da autoria do artista, no Jardim das Tulherias, junto ao Museu do Louvre.

"A vida de um artista é feita de curiosidades e surpresas." A frase é de Pedro Cabrita Reis, escultor que, entrevistado pelo jornalista Fernando Alves, garante que este é mais um momento para devolver à sociedade "os reflexos da sua inquietação". Na tarde deste sábado, é inaugurada oficialmente a exposição "As Três Graças" da autoria do artista, no Jardim das Tulherias, junto ao Museu do Louvre.

O Presidente da República e a ministra da Cultura estarão presentes na inauguração, naquele que Pedro Cabrita Reis considera ser um ato de "diplomacia cultural recíproca" entre Portugal e França. "As Três Graças" já habitam no jardim das Tulherias, no Louvre, há pelo menos uma semana, exibindo uma escala de cinco metros, num trabalho moldado em cortiça e pintado de branco. Estão reunidos vários fatores que suscitam a curiosidade entre os parisienses. "Há, de facto, muitas pessoas a comentar, a fazer fotografias, a olhar", reconhece o escultor. "Estou ciente que há uma atenção particular a esta peça, até porque é, de alguma forma inédita, aqui, nas paisagens das Tulherias, e, como tal, chama a atenção."

"A curiosidade baseia-se em torno do facto de ser uma peça de arte contemporânea. Há inúmeras esculturas no jardim das Tulherias, desde o século XVII até ao princípio do século XX. Esta peça, como é uma peça de arte contemporânea que tem uma estrutura, uma forma de fazer, uma materialidade que não é absolutamente idêntica às outras obras, destaca-se por isso, e prende, assim, a atenção das pessoas."

O tamanho, admite Pedro Cabrita Reis, também desafia a indiferença. "É claro que a escala também é importante. A peça tem cerca de cinco metros de altura, são feitas em cortiça pintada de branco, apoiadas numa base de aço. Tem uma presença bastante cativante e bastante forte aqui no jardim."

O criador português que expõe no Louvre revela que, desta vez, a peça não foi esculpida a escopo e martelo. Um braço robótico moldou o trabalho de Pedro Cabrita Reis. "Utilizei a tecnologia robótica para, a partir de uma pequena maquetas feitas por mim, em pedra, no atelier, transferi-las para uma escala grande, bastante grande", explica o escultor.

"Esses robôs trabalharam os blocos de cortiça no sentido de transportarem para esses blocos de cortiça aquilo que era a natureza e a topografia, ou a forma, das minhas maquetas originais feitas em pedra. As maquetas originais são lidas, são digitalizadas, e o resultado dessa digitalização é transformado numa linguagem que é comunicada ao braço robótico, que a segue minuciosamente durante dias, e dias, e dias, estar todo torneado todo o bloco e o bloco se ter tornado uma escultura."

E, pela primeira vez, usou a cortiça, refere um dos criadores portugueses que apresentarão no Louvre. "Portugal é sinónimo de cortiça", aponta Pedro Cabrita Reis.

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