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Treze cruzes a simbolizar um "cemitério de cultura" foram, esta quarta-feira, colocadas pela companhia Filandorra em frente ao Tribunal de Vila Real. Um protesto contra a exclusão da companhia dos apoios sustentados da Direção-Geral das Artes.
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O diretor artístico da companhia teatral de Trás-os-Montes revela que metade dos postos de trabalho estão em causa e os restantes "só vão manter-se porque as autarquias querem o trabalho" da Filandorra. "Agora, isto vai ser uma guerra aberta entre a região e o governo central, com o ministério da cultura e António Costa", continua. "Cada vez que vier aqui, vai-nos ter à perna", garante. "Isto é uma linguagem muito direta, mas forte. Se não houver uma solução vamos para tribunal", assegura.
Entre elenco, técnicos, produção e direção artística, a companhia de teatro conta com 18 elementos, 11 dos quais efetivos.
A companhia conta com 37 anos de atividade e a parceria de 20 câmaras da região Norte que garantem 50% do apoio financeiro ao projeto.
David Carvalho considera que "não basta o ministro da Cultura dizer que tem empatia" com quem não teve a sua candidatura apoiada financeiramente. "Isso é linguagem de menino do Estoril que não tem realidade aqui em Trás-os-Montes, ele tem é que resolver o problema", adianta. "Ele [ministro da Cultura] se calhar tem que ir ao Freud. Se não tiver divã, arranjamos-lhe um escano, um cobertor de lã e pomos-lhe uma máscara do diabo de Trás-os-Montes, para ele ir à bruxa ou ao diabo e perceber que não chega ter empatia", afirma indignado.
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O diretor da Filandorra lembra que, como esta, outras companhias de renome no país foram afastadas dos apoios, entre elas a Seiva Trupe, no Porto, a Barraca, em Lisboa, a ACTA, no Algarve e as Lendeas de Encantar, no Alentejo. "É não ter coesão no país", considera, adiantando que "o ministro precisa de sensibilidade e bom senso".
A Filandorra sugere que "o Estado central apague este fogo e arranje os 33 milhões" necessários.
A Filandorra foi uma de sete estruturas excluídas na modalidade quadrienal do Programa de Apoio Sustentado da DGArtes, na área do Teatro, na qual 48 foram apoiadas.
As sete candidaturas que não foram incluídas nos apoios quadrienais do teatro obtiveram classificações acima de 60%, estando cinco sediadas no Norte, uma no Alentejo e outra no Algarve.