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O escritor português António Torrado, autor de mais de uma centena de obras literárias, em particular para a infância, morreu esta sexta-feira em Lisboa, aos 81 anos, revelou à Lusa o escritor José Jorge Letria, que confirmou também a notícia à TSF.
Segundo José Jorge Letria, António Torrado morreu em casa, em consequência de doença prolongada. Em declarações à TSF, o também presidente da Sociedade Portuguesa de Autores destaca um "poeta talentoso e um grande dramaturgo e guionista de cinema", como é exemplo o guião que fez para um filme sobre Aristides de Sousa Mendes.
"Era um escritor polivalente, talentoso e com uma grande capacidade de trabalho, organização e de compreensão do público", assinala o escritor.
António Torrado foi também, durante décadas, "um autor itinerante, que andou pelo país de escola em escola, contactando dezenas de milhares de crianças e ajudando muitas a compreender a importância que um escritor tem, sobretudo quando está perto delas".
José Jorge Letria recorda António Torrado.
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Poeta e dramaturgo premiado, antigo professor do ensino secundário, António Torrado esteve desde cedo ligado à pedagogia, à produção literária para os mais novos, à recuperação e reinterpretação do conto tradicional e à promoção da leitura.
Fruto disso mesmo, "apareciam-lhe leitores já com trinta e tal ou quarenta anos, que lhe falavam de um livro dele como o primeiro que tinham lido", algo de que Torrado "se honrava muito".
"Deixou muitos livros para várias gerações."
"Foi um dos poetas da geração de 61, começou a publicar quando outros poetas importantes da nossa tradição literária começaram também", assinala José Jorge Letria, que destaca ainda o "grande contista" que António Torrado era.
"Deixou muitos livros para várias gerações", entre eles os textos "magníficos e exemplares" que escreveu sobre Amadeo de Souza-Cardoso e que são destacados como "muito importantes" por José Jorge Letria.
"O mercador de coisa nenhuma", "A chave do castelo azul e outras histórias" e "O veado florido" são algumas das obras escritas por António Torrado, distinguido em 1988 com o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças e Jovens.

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