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A casa está esgotada, mas é este domingo, um dia depois da data em que Adriano Correia de Oliveira teria celebrado 80 anos, que os amigos, a família e muitos músicos se juntam na sala Suggia, da Casa da Música, para celebrar e homenagear a vida e a obra do artista que deu voz aos poetas da resistência antifascista.
A trova do vento que passa de Manuel Alegre é um desses exemplos, mas há muitos outros e são muitas as vozes que esta noite sobem ao palco para o recordar. De Zeca Medeiros, a Carlos Alberto Moniz, Brigada Vítor Jara, Trabalhadores do Comércio, as Vozes da Rádio, Manuel Freire ou Paulo Vaz de Carvalho, um dos guitarristas que acompanhou Adriano Correia de Oliveira no último concerto em Mondim de Basto.
"Foi num encontro do Partido Comunista. Curiosamente, passados muitos anos, fizemos uma evocação dele em Mondim e o presidente da câmara propôs que se desse o nome do Adriano Correia de Oliveira a uma peça do auditório, que ainda hoje tem o nome do Adriano. É emocionante passar lá. Quando subo ao palco, era uma presença humana tão forte. No Adriano, a imagem política tinha uma correspondência pessoal muito próxima. O Adriano não era um homem feito no cartaz nem para o cartaz. O homem que vivia cá em baixo, na praça, era o mesmo que subia ao palco. É difícil de distinguir os dois, foi talvez o homem mais coerente com os seus ideais", recorda o músico Paulo Vaz de Carvalho, em declarações à TSF.
Paulo Vaz de Carvalho relembra Adriano Correia de Oliveira
Paulo Vaz de Carvalho acredita que o cenário de guerra que se vive atualmente teria em Adriano um exemplo de intervenção.
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"Com certeza que com uma grande humanidade, com uma profunda ponderação e jamais poderia substituir-me às palavras dele próprio. Qualquer suposição que eu fizesse, seria sempre um abuso."
Ouça as declarações de Paulo Vaz de Carvalho à TSF
Neste ano em que se celebram 80 anos sobre o nascimento de Adriano Correia de Oliveira, a voz do trovador continua a acompanhar Paulo Vaz de Carvalho.
"Se assim se pode dizer, o que me lembro é a toada do Adriano, a figura em palco, na plateia ou à mesa. Não é tanto o momento das nossas atuações. O mais importante da voz, da composição, da profissão do Adriano é mesmo o Adriano", diz.
O concerto de homenagem a Adriano Correia de Oliveira tem início marcado para as 21h30, na Casa da Música. À mesma hora, em Setúbal, no Convento de Jesus, há também um concerto com Ferreira Mendes (viola e voz) e Fernando Monteiro (guitarra de Coimbra), e Paulo Bragança, onde vai estar Manuel Alegre.