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José Manuel dos Santos conhece muito, mas nem ele conhece tudo. Coordenador da coleção "Obras de Mário Soares", que é apresentada nesta segunda-feira ao público, na Gulbenkian, fala de um trabalho ciclópico, a que o antigo Presidente da República assistiria "com entusiasmo e euforia juvenil".
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Até 2024, data do centenário do nascimento de Mário Soares, o projeto vai dar à luz reedições, como "Portugal Amordaçado", em formato bilingue (publicando a edição francesa, mais pequena, editada em 1972, e a portuguesa, de 1974), e revelar o único romance, escrito nos anos 60 na prisão "Concordata", que ainda não foi possível encontrar entre os três milhões de documentos arquivados na Fundação Mário Soares, e outros escritos, guardados nas casas de Lisboa e de Sintra. "Quando tudo for editado as pessoas vão conhecer um outro Soares", acredita José Manuel dos Santos, "o que emerge é diferente da imagem estereotipada do homem que não era organizado e não preparava muito as coisas. Havia dois tempos nele, o homem que guardava tudo e o espontâneo, o animal político" .
Textos inéditos, documentos, anotações, e cartas. "A correspondência política é aos milhares, vão sair muitos números, na cultura há já 1500, a que chamaremos "Incursões Literárias", onde estão todos os nomes de que nos podemos lembrar: desde os mais velhos, como Jaime Cortesão, a Adília Lopes, de Herman José ao Siza Vieira, desde a Beatriz Costa ao Vergílio Ferreira, da Natália à Sofia, até Herberto Hélder, Cesariny..."
Ouça a entrevista na íntegra
Difícil vai sendo também decifrar caligrafias, até do próprio Soares, que escreveu sobre tudo e todos.
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O volume O foi publicado em junho e apresenta a coleção, com um fac-simile da primeira edição publicada, em 1950, da tese de licenciatura de Mário Soares, sobre "As Ideias Políticas e Sociais de Teófilo Braga", exemplar oferecido e anotado por António Sérgio.
Com a ajuda dos investigadores Pedro Marques Gomes e Teresa Clímaco Leitão, as Obras, editadas pela Imprensa Nacional - Casa da Moeda, vão revelar a "visão literária da vida" que guiou o homem disposto a trocar todos os cargos políticos pela escrita de um grande livro. Como escreve José Manuel dos Santos, "um político que queria ser escritor - e que foi escritor sendo político".