"País de cravos, país de cardos": um disco com 50 anos, feito na BBC

A TSF resgata um disco histórico na conversa com António Cartaxo e António Borga, nomes da rádio e televisão em Portugal, que há meio século trabalhavam no serviço português da emissora britânica.

Em 1962, António Cartaxo tinha concorrido para o serviço português da BBC em Londres (que então retomava emissões em português, quando o regime em Portugal entrava em guerra contra os movimentos de libertação em África) e fugia ao emprego no escritório da rua do Alecrim onde o soalho rangia. António Borga, uns anos mais novo, quis estudar em Inglaterra (cá estava impedido pelo ministério de Hermano Saraiva) e escapar à guerra colonial. Juntou-se a Cartaxo em 1970.

Dois anos depois, faz agora cinquenta anos, precisamente em janeiro de 1972, nos estúdios da BBC, fizeram um disco que agora a TSF resgata, "País de Cravos, País de Cardos" com "Bicho de Conta" no lado B. Música de Cartaxo, letras de Borga. A cantora, Elisa (viria a fazer parte do projeto Rosa dos Ventos, com Zeca Medeiros), que meteria a voz posteriormente, nos estúdios da Valentim de Carvalho, em Paço d"Arcos, faleceu em maio de 2016.

António Cartaxo, 87 anos, autor da música, foi ao longo de mais de 40 anos divulgador de música clássica na rádio pública (Grandes Músicas, Em Sintonia, Paixões Cruzadas, este com António Macedo) e na televisão. Saiu da BBC num processo litigioso, depois de causar a empresa de praticar censura sobre notícias relacionadas com o PREC (Processo Revolucionário Em Curso) em Portugal.

António Borga, jornalista, foi diretor do jornal O Diário (1987-1989) e diretor de programas na SIC e de programas (2001) e produção da RTP (2003). Hoje em dia, preside à direção da Casa da Imprensa.

Na TSF, com trabalho técnico de José Guerreiro, conversam sobre o processo de produção de "País de Cravos, País de Cardos", mas também sobre rádio e jornalismo, sobre o Portugal da ditadura e a chegada da Liberdade, bem como a forma de a continuar a celebrar. Os cravos da letra de Borga e música de Cartaxo foram premonitórios.

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