Teatro ao serviço da reflorestação. Espetadores plantam árvores com Alice, no País das Maravilhas
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Teatro ao serviço da reflorestação. Espetadores plantam árvores com Alice, no País das Maravilhas

Na Serra da Freita, em Arouca, o público vai entrar em cena para plantar árvores. A peça é interativa e estreia em setembro.

Na Serra da Freita, em Arouca, vai nascer um teatro interativo onde os espetadores são convidados a entrar em cena para plantar árvores. A ideia partiu da jovem atriz Sofia Miguel Castro que agora tem uma bolsa de dez mil euros para colocar o projeto em marcha.

A atriz venceu a quarta edição do concurso New Talent promovido pela revista NIT, TVI e Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. O New Talent premeia com dez mil euros os melhores projetos ligados às áreas do lifestyle em Portugal. O objetivo da bolsa é abrir caminho à concretização da ideia vencedora.

A partir de setembro a peça é levada à cena em diferentes pontos da Serra da Freita.

"É um teatro interativo que percorre um circuito. A ideia é que o público plante as suas próprias árvores ao longo da peça", explica a atriz à TSF.

Quantas mais sessões forem realizadas, mais árvores vão ser plantadas e o circuito da peça altera.

"A peça é itinerante, porque está constantemente a mudar de lugar e também porque muda de lugar na própria peça", explica Sofia Miguel Castro.

Este circuito, no entanto, também prevê momentos para descansar as pernas. A atriz quer recriar a louca festa do chá, de Lewis Carroll e sentar os espetadores à mesa com Alice.

"A ideia dessa interação é que toda a gente seja a Alice, que quando cheguem àquela mesa se deparem com dois personagens completamente loucos", adianta.

Sofia Miguel Castro ainda não decidiu como vai pegar "dramaturgicamente na peça", mas adianta à TSF que a personagem principal "não vai ser uma Alice tradicional".

A atriz deixa algumas pistas do que vai levar à cena em setembro: "A Alice veste um saco do lixo azul e não um vestido de tecido incrível. Há uma mulher a bater num bebé, a bola de cricket é um ouriço vivo, e isto é cruel. Eu acho que neste mundo de fantasia há crueldade e tenho muita vontade de explorar essa parte um bocadinho menos falada do "Alice no País das Maravilhas", que é o nosso mundo."

A ideia de reflorestar a Serra da Freita com um teatro itinerante foi a que recolheu mais votos no New Talent deste ano, e a mobilização deixou Sofia Miguel Castro surpreendida. A atriz estranhou tanto apoio a um projeto que considera que reúne dois temas que os portugueses costumam deixar para trás: a cultura e o ambiente.

"A cultura em Portugal é um meio que não é autossuficiente, até porque não é um bem de primeira necessidade. Na parte do ambiente, eu acho que as coisas estão a ser feitas um bocadinho para a figura e para o bem parecer. Não acho que o grosso das pessoas que são ambientalistas se preocupe de facto com o ambiente. Às tantas não sei se as pessoas querem ser amigas do planeta ou delas próprias", confidencia a atriz.

Em conversa com a TSF e questionada sobre a possibilidade e recriar a cena da queda de Alice na toca do coelho, Sofia Miguel Castro responde com uma metáfora: "As duas abordagens da peça que temos em cima da mesa vão provocar um grande precipício, de certeza."

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