Todas as coisas maravilhosas. Ivo Canelas na TSF: "A minha energia não se esgota"

Este ano é que é. O monólogo sai de cena, mas depois de Abril, ainda há sessões mil pelo país e um novo regresso ao estúdio da Time Out, para acabar onde tudo começou. É aqui que podemos ver ou rever agora "Todas as Coisas Maravilhosas" (as sessões estão quase esgotadas), de quinta a domingo, nos meses de Março e Abril. Mais uma voltinha na arena das emoções? "Aprimorei a relação com o olhar do outro", responde Ivo Canelas. Ao fim de quatro anos, o espectáculo "está no ponto".

São já quatro temporadas: "Nunca tinha feito nada tanto tempo." Ivo Canelas fugiu sempre da repetição, "do medo de me cansar, de não dar tudo". Até ser apanhado pelo texto de Duncan MacMillan, no segundo monólogo de uma vida (o primeiro foi ainda no Conservatório), rendendo-se ao público que é chamado a participar, transformando cada arena num palco irrepetível.

Aí reside um dos segredos do êxito desta peça que estreou em Janeiro de 2019, atravessou a pandemia, e continua a esgotar salas por onde passa.

Tudo começa pelo cenário, em círculo, como uma arena, com o actor ao centro. Ivo Canelas segue com o olhar a entrada do público, aborda, cumprimenta, distribui folhas. Luzes quanto baste, banda sonora e uma energia inesgotável: "A minha energia flutua muito, tenho altos e baixos, mas felizmente tenho muita. Não sei o que é que a esgota, talvez o lado mais seco, menos afectivo das pessoas."

Não é algo que aconteça neste espectáculo onde a depressão, o suicídio e outras doenças mentais nos surgem através do olhar dum menino de sete anos, cuja mãe se tenta suicidar. Aí começa a lista de todas as coisas maravilhosas com que a tenta confortar. Pode ser um gelado, n.º 1, usar uma capa, n.º 25, e a cada episódio depressivo da mãe, a lista vai aumentando. A lista é na verdade infinita. E o público vai deixando sugestões, onde às vezes o óbvio é também inesperado: "Curar o cancro, assim, pum, de uma simplicidade, só isso", recorda Ivo Canelas duma das últimas sessões.

São quatro anos, foi a pandemia, foram as quarentenas, são as injustiças, é a guerra, tudo se reflecte no espectáculo: "A peça coloca-nos todos no mesmo sítio democrático e eu estou só apenas a contar a história, por isso no final agradeço às pessoas e digo 'Isto é mais difícil para vocês do que para mim.' Cada vez mais o lugar da escuta é difícil, e por isso deixa de ser sobre mim e passa a ser sobre nós, porque eu viro-me para a esquerda e para a direita, é sempre inesperado. Tenho aprimorado o olhar sobre o outro."

Elis, a cadela adoptada durante a pandemia - "teve de ser" -, um concerto - "adorava dar um concerto" - e um programa de rádio - "gosto muito deste casulo" - são coisas na lista da conversa com o actor Ivo Canelas.

Onde o podemos ouvir falar de outros projectos e pré-anunciar o fim de "Todas As Coisas Maravilhosas", em Lisboa: "Foi ali que começámos e é ali que gostava de terminar. Tenho um professor de yoga que fala sempre que o final é igual ao principio, e o princípio é igual ao final. É realmente uma ideia que me interessa e gostava, de uma forma afectiva, de terminar ali na Time Out, mas duvido que seja em Abril. Temos uma digressão e havemos de ir pelo país, mas será até ao final do ano, garantidamente."

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