Prestação da casa aumentou 200 euros e obriga Joana a viver "um dia de cada vez"

Em novembro de 2019, Joana Teles cumpria o desejo de ter casa própria. Em três anos já teve que ultrapassar uma pandemia - com recurso às moratórias e agora tem pela frente a onda gigante da inflação. Desesperada, Joana chorou e decidiu reduzir gastos com tudo. Aumentos, só no número de horas de trabalho.

A entrada em 2023 vai ser diferente. Joana Teles já tem a noite de passagem de ano ocupada para não desperdiçar todos os euros que pode ganhar. "Eu costumava, sempre, jantar com a família e depois estava com amigos. Este ano vou trabalhar".

O tempo que divide entre trabalho e lazer ficou ainda mais desequilibrado. No início de novembro, Joana Teles deparou-se com um aumento de 200 euros na prestação da casa. "Fiz um levantamento, à tarde, no multibanco e notei que faltava uma grande quantia de dinheiro".

No dia seguinte, manhã cedo foi a correr ao banco. "O gestor de conta primeiro nem abriu o meu processo, mas depois quando o consultou disse que, de facto, um aumento grande, mas o banco não podia fazer nada, por enquanto. Pediu para eu aguentar... pelo menos seis meses".

O sorriso nervoso com que descreve a situação contrasta com o choque que sentiu. "Saí do banco e fui para o carro chorar. Fiquei desesperada".

Com 37 anos, Joana Teles dá aulas de dança numa academia e em jardins de infância, faz animações infantis, eventos e baby-sitting. Gastar menos, trabalhar mais passou a ser o seu lema de vida. "Aceito tudo o que aparece e já não vou jantar fora ou beber um copo a um bar".

Com o crédito de 146 mil euros (indexado à Euribor a 6 meses) aprovado, Joana foi viver para a sua casa com a mãe Emília, desempregada. "Agora fazemos refeições mais económicas, com produtos mais baratinhos".

Todas as saídas de dinheiro são controladas ao cêntimo. Emília Sousa dá um exemplo: "Ontem fui ao supermercado e fui fazendo contas no telemóvel porque só tinha 20 euros na carteira".

O contrato com o banco, a 40 anos ainda vai no início e não faltam dores de cabeça a Joana Teles. Primeiro a Covid-19, que a empurrou para uma moratória, neste momento a inflação que a lança para uma vida quase sem planos.

"É viver um dia de cada vez..."

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