Agricultores saúdam medidas do Governo para combater a seca. Mas deixam um alerta

Confederação dos Agricultores de Portugal vê com bons olhos as restrições anunciadas pelo governo para minimizar os efeitos da falta de água. Adiantamentos aos agricultores "podem ser uma ajuda à tesouraria dos agricultores neste momento". Mas não resolvem o problema.

A solução perfeita para resolver o problema de seca só pode ser apresentada pela natureza: chuva e mais chuva. Mas, entretanto, há que tentar minimizar o problema. Desde já, o presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Eduardo Oliveira e Sousa, saúda o facto de a preocupação quanto à falta de água ter chegado ao discurso político.

Na antena da TSF, Eduardo Oliveira e Sousa mostrou-se satisfeito com as medidas anunciadas pelo Governo. Na conferência de imprensa ao final da manhã, a ministra da Agricultura revelou que o Executivo já falou com a Comissão Europeia, para "fazer um reforço e simplificação dos adiantamentos". Dada a urgência do problema, os adiantamentos são bem-vindos. A necessidade imediata de medidas é positiva. Mas, para a CAP, não resolve o problema. "Esta ajuda vai adiar um buraco financeiro já anunciado", antevê Eduardo Oliveira e Sousa.

"Quanto às barragens que fornecem os agricultores, o foco deve estar colocado na sobrevivência das culturas permanentes, especialmente agora durante o Inverno. O que é problemático é a probabilidade de a produção nas culturas intensivas ficar suspensa", admite o presidente da CAP. As medidas hoje anunciadas pelo governo são temporárias. Estão em vigor até ao próximo encontro da comissão que acompanha o estado de seca em Portugal, que vai acontecer em março, como revelou o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes. Caso o problema persista e se agrave, as restrições podem tornar-se "definitivas e obrigatórias".

O problema é real. Mas pode ajudar a passar uma mensagem de alerta à população. "É necessário que toda a população comece a olhar para o recurso água como algo que não está sempre disponível. Vivemos um período de muita carência. Por isso, todos temos de poupar água". Do lado dos agricultores, o presidente da CAP deixa a sugestão de uma medida "efetiva" que, a ser colocada em prática, seria uma grande ajuda para o setor: reduzir o custo da energia.

Depois da reunião da comissão de acompanhamento da seca, o governo anunciou restrições temporárias no uso de várias barragens do país. Há quatro barragens cuja água só será usada para produzir eletricidade cerca de duas horas por semana, de forma a garantir "valores mínimos para a manutenção do sistema". É o caso das barragens de Alto Lindoso e Touvedo, no distrito de Viana do Castelo, Cabril (Castelo Branco) e Castelo de Bode (Santarém). Também a barragem de Bravura, localizada em Lagos, no Barlavento Algarvio, deixou de poder ser usada para a rega.

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