António Ramalho sai do Novo Banco em agosto

Decisão sobre o atual mandato, que terminaria apenas em 2024, terá sido tomada pelo próprio.

O gestor António Ramalho vai sair do Novo Banco em agosto deste ano, avançou o Jornal de Negócios e confirmou a TSF. Mais tarde, o banco acabou por comunicar o mesmo ao mercado.

De acordo com o banco, António Ramalho "comunicou hoje ao Conselho Geral e de Supervisão a sua intenção de deixar as funções executivas que atualmente desempenha em agosto e apoiar o processo de transição para o seu sucessor".

A decisão foi comunicada internamente ao Conselho Geral e de Supervisão e o atual exercício de Ramalho tinha fim previsto apenas para 2024, depois de ter sido nomeado para novo mandato em junho de 2021.

Segundo o comunicado assinado pelo presidente do Conselho Geral e de Supervisão, Byron Haynes, "António Ramalho acredita ser este o momento certo para anunciar o seu desejo de deixar o cargo que assumiu há cerca de seis anos", após tornar o banco rentável, fazer a 'limpeza' de balanço e concluir o plano de reestruturação acordado com a Comissão Europeia.

O Jornal de Negócios explica que o presidente executivo terá deixado claro que a decisão foi sua e que só sairá depois da apresentação de resultados do banco.

O Novo Banco nasceu em agosto de 2014 na resolução do Banco Espírito Santo (BES) e é liderado por António Ramalho (que sucedeu a Eduardo Stock da Cunha) desde 2016. Manteve-se no cargo mesmo após a compra de 75% do Novo Banco pelo fundo de investimento norte-americano Lone Star.

Desde então, entre várias polémicas, tem sido o rosto da defesa do uso pelo banco do dinheiro do mecanismo de capitalização acordado nessa compra. Até ao momento o Novo Banco ja consumiu 3.405 milhões de euros de dinheiro público ao abrigo desse acordo, do máximo de 3.890 milhões de euros possíveis.

Ramalho também deu a cara pelo processo de reestruturação do Novo Banco, incluindo a saída de milhares de trabalhadores.

Em janeiro, a relação entre o presidente executivo do Novo Banco e o ex-presidente do Benfica e devedor do Novo Banco Luís Filipe Vieira foi questionada e surgiram dúvidas sobre a idoneidade de António Ramalho.

Então, foram divulgadas na imprensa conversas telefónicas entre Ramalho e o ex-administrador do Novo Banco Vítor Fernandes (atual presidente da SIBS), em que o presidente executivo do Novo Banco disse estar a agendar uma reunião com o então presidente do Benfica para o "preparar" para a Comissão Parlamentar de Inquérito ao Novo Banco.

Desde então, António Ramalho tem dito que a sua idoneidade "é avaliada em permanência" e que não deve fazer mais comentários.

Ainda assim, no início de março, em conferência de imprensa, questionado sobre o tema que levou mesmo o Banco Central Europeu (BCE) a investigar a sua relação com Vieira, o gestor disse que não há fotografias suas com o ex-presidente do Benfica. "Não há fotografias minha com Luís Filipe vieira e deve haver fotografias dele com toda a gente", afirmou.

O Novo Banco teve lucros de 184,5 milhões de euros em 2021, no primeiro ano que apresentou resultados positivos desde a sua criação em agosto de 2014 (na resolução do BES), que comparam com prejuízos de 1.329,3 milhões em 2020.

Quando anunciou os lucros de 2021, em março, o banco anunciou também que vai pedir mais uma injeção de capital de 209 milhões de euros ao Fundo de Resolução bancário. Já o Fundo de Resolução considera "não é devido qualquer pagamento" relativamente a 2021.

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