A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) revela que só agora é que os agricultores estão a receber os apoios prometidos devido à guerra na Ucrânia, o que representa custos acrescidos para os produtores.
O presidente da CAP, Eduardo Oliveira e Sousa, afirma à TSF que os apoios para a mitigação dos efeitos provocados pela guerra não foram suficientes, ao contrário do exemplo espanhol: "Não é apenas o gasóleo e os fertilizantes que estão nos custos de produção (...) Todos estes fatores de produção foram alvo de medidas, nomeadamente em Espanha, de ajudas específicas para conter o efeito da escalada dos preços. Em Portugal essas medidas não chegaram."
Estes apoios, lamenta, "chegaram agora, na semana passada, quando a guerra tem mais de um ano", o que levou a que os agricultores tenham tido de suportar "os efeitos da seca e a escalada do preço da energia, que chegou a ser de cinco vezes mais".
O Presidente da CAP adiantou ainda que os aumentos nos preços dos bens alimentares, como o caso da cebola, podiam até ser maiores. Eduardo Oliveira e Sousa garante que os produtos no mercado estão ainda "abaixo dos custos de produção".
"Não estou a falar no preço final, porque esse tem outras componentes como o transporte, logística e grande distribuição", precisamente os fatores que a Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica tem fiscalizado.
Até agora, a ASAE já instaurou 51 processos-crime por especulação de preços e 91 contraordenações, depois das mais de 960 operações de fiscalização que já realizou.
As margens de lucro em alguns produtos foram de 50%, de acordo a ASAE, e o caso mais grave é o da cebola, com uma margem superior aos 50%. Em produtos como o açúcar, o óleo e a dourada, a margem fica entre 20% e 30%, nas conservas de atum, azeite e couve coração a margem é de 30% a 40% e de 40% a 50% nos ovos, laranjas, cenouras e febras de porco.
