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O empresário Joe Berardo vai ser esta quarta-feira inquirido no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) após ter sido detido na terça-feira por suspeita de burla qualificada, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais, entre outros ilícitos.
Em declarações na terça-feira a jornalistas, Paulo Saragoça da Matta, advogado de defesa de Joe Berardo neste processo, confirmou que o seu constituinte será ouvido esta quarta-feira no TCIC - o chamado "Ticão" -, sem adiantar se Berardo pretende, como arguido, prestar declarações ao juiz Carlos Alexandre ou remeter-se ao silêncio.
Saragoça da Matta referiu "não saber o que está nesta investigação", confirmou que esta quarta-feira "haverá tomada de declarações em interrogatório judicial" e criticou que haja "processos que duram há cinco e seis anos e só depois se lembram de fazer uma detenção".
O advogado declarou ainda aos jornalistas que o empresário e arguido Joe Berardo permanece "calmo" e "bastante sereno", tendo confirmado que o seu cliente foi detido "em casa", no decurso da operação policial que envolveu buscas e dois mandados de detenção.
Segundo comunicados da PJ e do DCIAP, nesta investigação - denominado processo Caixa Geral de Depósitos (CGD) - existem suspeitas da prática dos crimes de administração danosa, burla qualificada, fraude fiscal qualificada, branqueamento e, eventualmente, crimes cometidos no exercício de funções públicas.
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As diligências de investigação desenvolvidas envolveram também a Autoridade Tributária e juízes de instrução criminal.
No total, foram realizadas meia centena de buscas, sendo 20 domiciliárias, 25 não domiciliárias, três a estabelecimentos bancários e uma a escritório de advogado, tendo ainda sido emitidos dois mandados de detenção, visando Joe Berardo e o seu advogado de negócios e de longa data José Luíz Gomes.
Estas diligências decorreram em vários locais do país, nomeadamente, em Lisboa, Funchal e Sesimbra.
As diligências - indicou o DCIAP - foram executadas pela PJ, com a intervenção de 138 elementos desta força policial, acompanhados de nove magistrados do Ministério Público, sete Juízes de Instrução Criminal e 27 inspetores da Autoridade Tributária, "a maioria dos quais foram alocados apenas para a concretização desta operação, não tendo a equipa de investigação do processo esta composição".
A PJ esclareceu que se trata de um grupo "que entre 2006 e 2009 contratou quatro operações de financiamentos com a CGD, no valor de 439 milhões de euros" e que terá causado "um prejuízo de quase mil milhões de euros" à CGD, ao Novo Banco e ao BCP.
"Este grupo tem incumprido com os contratos e recorrido aos mecanismos de renegociação e reestruturação de dívida para não a amortizar", acrescenta a PJ no mesmo comunicado.
Na investigação, que começou em 2016, foram identificados "procedimentos internos em processos de concessão, reestruturação, acompanhamento e recuperação de crédito contrários às boas práticas bancárias", refere ainda a polícia de investigação criminal.
Os investigadores procuram indícios de "atos passíveis de responsabilidade criminal e dissipação de património".