"É no fim de semana que temos mais sexo." Economista defende semana de 4 dias de trabalho

Professor da Universidade de Londres acredita que a medida pode resolver um dos maiores problemas das economias ocidentais: a baixa natalidade.

O economista Pedro Gomes defende, no seu livro lançado na semana passada em Portugal e apresentado esta segunda-feira à tarde no ISCTE, que fazer da sexta-feira o novo sábado, implementando uma semana de quatro dias de trabalho, pode salvar a economia. Para o professor da Universidade de Londres, Estado, empresas e famílias ganham com o que considera ser uma adaptação da realidade laboral ao século XXI e a questão não é se vai acontecer, mas sim quando.

"É inevitável, mas pode ser daqui a dez anos ou daqui a 20. É o caminho da história, da civilização. Antes trabalhávamos seis dias por semana e todas as críticas que apareceram agora sobre a semana de trabalho de quatro dias já li, eram as mesmas críticas que se faziam há 80 anos quando se falava na semana de trabalho de cinco dias", explicou à TSF Pedro Gomes.

Ao escrever sobre a semana de quatro dias de trabalho como salvação para a economia, Pedro Gomes faz questão de dizer que não é ele quem responde aos críticos, mas sim as empresas que um pouco por toda a Europa começam a experimentar a redução da jornada de trabalho com ecos de sucesso e de aumento da produtividade.

"Os trabalhadores podem trabalhar mais intensivamente nos outros dias, cometem menos erros e omissões no processo de produção, reduz o absentismo, a rotação de trabalhadores e todos os custos associados. Os benefícios para as empresas vêm de várias áreas diferentes e são transversais a vários setores de atividade", garantiu o economista.

Por cá, não falta quem lembre que o que vale para a Islândia não se aplica necessariamente a Portugal. Pedro Gomes recorre ao setor do turismo, um dos que mais contribui para a riqueza nacional, para contrariar esta ideia.

"Para consumir precisamos de dinheiro, mas também precisamos de tempo. É no nosso tempo livre que consumimos mais. Imagine o que seria a semana de trabalho de quatro dias na zona euro ou na Europa. Para onde iam os turistas alemães e franceses passar o fim de semana que não ao sul da Europa?", afirmou.

Fazer da sexta-feira o novo sábado tem outras vantagens e o professor da Universidade de Londres acredita que a medida pode resolver um dos maiores problemas das economias ocidentais: a baixa natalidade.

"Quando passámos da semana de trabalho de seis para cinco dias nos EUA, na década de 40, seguiu-se um baby boom. Reduzindo a semana de trabalho para quatro dias dá mais tempo para a família a cria mais impacto na natalidade do que oferecer 300 euros para ter um bebé. Quando vamos ver as estatísticas é no fim de semana que temos mais sexo", lembrou Pedro Gomes.

Se nem assim conseguir convencer os mais céticos, Pedro Gomes tem ainda mais um argumento.

"Em Portugal gosta-se muito de discutir futebol e quando os jogadores jogam de três em três dias fala-se logo que é muito intenso e passadas duas semanas têm mais lesões. Aceitamos isso no futebol como natural, mas não pensamos que todos os empregos são assim. Há 50 anos o trabalho era muito menos intenso", defendeu o economista.

O país não deve esperar 50 anos. Para Pedro Gomes, a medida é para adotar o quanto antes, de forma gradual. Uma coisa é certa, avisa o economista: não chega ter um Governo em maioria absoluta, são precisos consensos.

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